sábado, 17 de fevereiro de 2024

Dora Kramer - Último refúgio

Folha de S. Paulo

Bolsonaro se escora num comício que não será capaz de atenuar seus embaraços legais

Maior ou menor, qualquer que seja o tamanho da adesão ao ato convocado para o próximo dia 25 por Jair Bolsonaro, a foto estará garantida. Basta que se reduza ou se amplie o foco da lente, lá será visto um amontoado de pessoas prestando apoio ao ex-presidente.

Perfeito para efeito de postagens e reportagens. Mas e daí? É a pergunta que se impõe. Isso partindo-se do pressuposto de que a manifestação será mantida, se daqui até lá os fatos e/ou as contas de chegar sobre custos e benefícios não aconselharem a um recuo.

Seria um alívio para políticos que já confirmaram presença apenas porque não poderiam recusar de pronto o convite sem sinalizar oneroso rompimento. Caso do governador de São PauloTarcísio de Freitas (Republicanos), quando lhe apresentaram a saia justa para vestir e de outros que ainda hesitam em aderir.

Se confirmado o ato, voltamos à questão da fotografia e sua serventia ante a grave materialidade dos enroscos legais enfrentados por Bolsonaro. Ele constrangerá meia dúzia de aliados de projeção, reunirá sabe-se lá quantos apoiadores (vamos que sejam milhares) na avenida Paulista, dormirá feliz naquele domingo, mas na segunda-feira acordará ainda enredado na teia de investigações.

Valente quando no exercício da Presidência, na posse da estrutura e da imunidade temporária inerentes ao cargo, subia em carros de som para distribuir ofensas a pessoas e pregar contra as instituições. Agora acuado, pede que não se fale mal de ninguém, que não se faça nada além de lhe prestar solidariedade e reverência.

É o último refúgio. Nem diria recurso, porque não é crível que o ministro Alexandre de Moraes e a Polícia Federal se deixem emocionar ou intimidar, seja qual for a quantidade de gente disposta a protestar contra uma alegada "perseguição política".

O único efeito concreto que o ex-presidente pode obter é piorar sua situação se não resistir à tentação de dar tiros no pé.

 

3 comentários:

  1. Valente quando no poder, covarde agora quando acuado, CANALHA E MENTIROSO SEMPRE!

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  2. Como Abraham Weintraub, ministro da DESeducação do DESgoverno Bolsonaro. Falastrão e irresponsável no poder, calou-se e emudeceu quando teve que prestar depoimentos na Polícia Federal sobre suas falas criminosas.

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