Foi ele que me recebeu no partido comunista
brasileiro nos anos 70, na clandestinidade. Foi ele quem me ensinou a analisar
a conjuntura, distinguir tática e estratégia, reler Marx e Gramsci com os olhos
postos no presente, sem dogmatismos.
Sua coragem, sua independência, seu espírito
crítico, sua devoção à causa coletiva -sonhando um socialismo renovado, aberto
e brasileiro- foram e são exemplos para minha geração e as seguintes. Em
tudo que fazia punha toda a sua paixão.
Era lucidez, inteligência, compromisso e paixão. Um erudito discreto, mas transgressor, uma usina exuberante de afeto e generosidade, às vezes disfarçada pela aspereza dos rompantes.
Não conheço ninguém mais ético no desempenho
de sua função acadêmica, ninguém mais avesso a cálculos carreiristas e a
acomodações pusilânimes, ninguém mais íntegro.
Tive o privilégio extraordinário de ser seu
aluno, amigo e companheiro, e de aprender com ele, mesmo quando divergíamos.
Nos últimos tempos, quando problemas de saúde
o limitavam, ele se mantinha otimista, absolutamente confiante num futuro
radicalmente democrático e socialista, apesar de tudo. Werneck parte, nos deixa
desolados e muito mais pobres, mas, como talvez dissesse: parte cheio de
esperança no trabalho da história.
Todas as homenagens que prestemos à sua
memória serão insuficientes para retribuir o que lhe devemos. Ele nos deixa
como herança, à qual temos o dever de não renunciar, sua comovente fé laica nas
classes populares e no potencial criador da política, aliada ao pensamento
crítico.
Querido Werneck, o enorme contingente de seus
alunos, colegas, camaradas e amigos, enquanto tivermos força, estaremos na luta
e, de pé, ouvindo seu nome, diremos, juntos: presente!
*Antropólogo e cientista político
Pensamento CRÍTICO, SEMPRE!!
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