Folha de S. Paulo
Com os quartéis fervendo em 1964, o futuro
presidente Figueiredo tornou-se sócio do Clube dos Girafas
No dia 1º de abril de 1964,
o presidente João
Goulart foi deposto pelas Forças Armadas. Nos meses seguintes, as
fardas ficaram em pulgas e os quartéis ferveram pela disputa dos espólios do
país.
No dia 9, promulgou-se um Ato Institucional conferindo aos militares o poder de suspender direitos políticos e cassar mandatos. No dia 10, saiu a primeira lista de punidos, que incluiu os ex-presidentes Goulart e Jânio Quadros, o ex-deputado federal Leonel Brizola e intelectuais como Josué de Castro, Celso Furtado e Darcy Ribeiro. No dia 11, o Congresso ratificou a escolha do Comando Supremo da Revolução, elegendo para a Presidência da República o general, neo-marechal, Humberto Castello Branco. Seu mandato iria até 1965.
Não foi uma escolha pacífica, porque outra
ala dos militares, ainda mais hidrófoba, preferia o general Costa e Silva.
Mesmo assim, no dia 15, Castello Branco foi empossado. No dia 17 de julho, o
Congresso, acoelhado, aprovou a prorrogação do mandato de Castello e adiou as
eleições para março de 1967. Ao se ver caroneado, o governador da Guanabara,
Carlos Lacerda, favorito para as eleições, rompeu com o regime que ajudara a
implantar. Tempos agitados os primeiros meses de 1964, não?
Ou não. Por aqueles mesmos dias, em meio aos
arranca-rabos em verde-oliva, um jovem oficial da Cavalaria era agraciado com
um simpático e pitoresco título. O diploma dizia: "Clube dos Girafas. Em
sentido de ‘unanimus’ aquiescência dos membros dêste sodalício e usantes as
attribuições de ‘Girafão’, hei por bem fazer mercê ‘in specie aeternitatem’ do
título de sócio [ao] tenente-coronel Cav. João Baptista de Oliveira Figueiredo.
ECEME, Praia Vermelha, 12 de maio de 1964. [Assinado] General João Lima Machado
— Presidente".
De sócio do Clube dos Girafas, recebido pelo
"Girafão", à Presidência da República, em 1979, foram só 15 anos.
Danadinho, o Figueiredo.
Sei.
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