Folha de S. Paulo
Para aliados relevantes do bolsonarismo,
movimento para evitar cadeia não é inviável
O comício
de Jair Bolsonaro pode ser uma tentativa atabalhoada e desesperada de
demonstrar força política, um ensaio do poder do capitão das trevas de levar
multidões tumultuárias às ruas. É parte da campanha de evitar a condenação de
Bolsonaro, claro.
O medo de prisão por colaboracionismo ou
outras bolsonarices é compartilhado pelo PL; um quarto da
Câmara é solidária no medo. Muitos mais têm medo da polícia em geral.
Mais do que isso, a presença de governadores e prefeitos no palanque dos simpatizantes do golpe seria também parte de um movimento incipiente pela anistia de Bolsonaro. Anistia: qualquer arranjo que evite a prisão.
É o que dizem lideranças políticas
relevantes, ora aliadas de Bolsonaro ou de bolsonaristas como o governador
de São
Paulo, Tarcísio de Freitas.
Um acordão parece agora implausível, por
motivos vários.
Evidências e indícios de crimes de Bolsonaro
e turma se amontoam; há o risco de que mais provas apareçam. Além do mais, a
maré de rejeição ao capitão no sistema de poder ainda está em alta; o governo
Lula pode ser um sucesso de público.
A avaliação da utilidade política de
Bolsonaro, em 2026 ou na disputa pelo comando do Congresso em 2025, ainda
depende de resultado da eleição municipal.
Até mesmo a campanha da maioria do Congresso
contra o Supremo, na qual o capitão quer pegar carona, pode se concentrar na
facilitação da impunidade dos parlamentares e largar Bolsonaro. Campanha
haverá: necessidade de permissões especiais do Congresso para investigação e
processo de parlamentares, redução de prerrogativas do Supremo etc.
Portanto, ora é difícil de acreditar em
movimento mais ou menos ruidoso pela anistia. Mas a hipótese não é do
jornalista, é de lideranças que sobrevivem no poder desde Lula 2, passando por
Dilma Rousseff, Michel Temer e Bolsonaro.
Convém prestar atenção na hipótese também
porque acordão e medo da cadeia têm sido fatores centrais da política desde
2014. A tentativa frustrada de acerto, então inviável, foi um motivo da
deposição de Dilma. Parte dos líderes do impeachment queria apoio para fugir da
Lava Jato, como é óbvio.
Levou tempo, mas sobreveio um acordão para
acabar com o lava-jatismo, o que continua, com os processos contra os líderes
dessa onda demagógica e com o cancelamento de penas e multas contra empresas da
bandalha.
Houve baixas pesadas, mas o acordão venceu,
no meio e no fim das contas: os partidos do mensalão, do petrolão e de tantas
corrupções estiveram no centro do poder de 2016 a 2022, de Temer a Bolsonaro.
A Lava Jato teve apoio do sistema de poder
porque havia um acordão tácito também para acabar com Lula e o PT; para fazer
com que a direita ou "liberais" chegassem ao governo federal. Por
meio de eleição, não estava dando.
Ao perceber que esse arranjo saíra do
controle, pois resultou nas trevas do capitão, com risco de desastre ainda
maior, parte do sistema de poder acertou-se para libertar Lula. São arranjos
tácitos, misturas de ativismos com aceitação quieta das mudanças e até adesões
explícitas, como a do centro que se juntou a Lula 3 em 2022.
Temer ficou no poder por cumplicidade da
Justiça e por liderar o semipresidencialismo de ocasião. Bolsonaro ficou no
poder por popularidade bastante e por ter entregue o governo ao centrão.
Depois disso, a Justiça superior passou a
pesar a mão do lado antibolsonaro da balança. As instituições funcionam à
matroca, à base de acordão.
Resta saber se a direita de sempre vai
considerar que a prisão de Bolsonaro e turma pode ser um ponto para a esquerda.
Ou se o baixo clero, o Congresso quase inteiro, vai empatizar com seu
representante maior. Ou se parte da elite ainda vê utilidade no capitão das
trevas, por falta de alternativa.
DORRIT FALA DO Vinicin QUE, HERÓI, SALVOU 3 NAS ENCHENTES: BRASILEIROS DO BEM; HUMANIDADE
ResponderExcluirVINIÇÃO FALA DA ARMAÇÃO PRA SALVAR OS Bozos, TODOS: BRASILEIROS DO MAL. MONSTRUOSIDADES
Vinicius Torres.
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