domingo, 24 de março de 2024

Eliane Cantanhêde - Cid: armadilha ou conluio?

O Estado de S. Paulo

Xandão não é Moro, Gonet não é Aras, a PF não é boba. Logo, áudios de Cid não são a ‘Vaza Jato’

Os áudios do tenente-coronel Mauro Cid acusando o ministro Alexandre de Moraes e a Polícia Federal de usá-lo só para confirmar uma “sentença já definida” e uma “narrativa pronta” podem ser comparados a uma “Vaza Jato” dos vários inquéritos contra Jair Bolsonaro, seus ministros, generais e aliados. A “Vaza Jato” definiu (ou foi o pretexto para) o fim da Lava Jato. Os bolsonaristas tentam agora usar as gravações de Cid para anular tudo o que já está amplamente provado sobre, por exemplo, a trama do golpe de Estado.

O objetivo da Vaza Jato e dos áudios é o mesmo: disseminar que os processos foram viciados, impregnados de interesses políticos. A Vaza Jato revelou mensagens entre o então juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato e deu certo. Com os áudios de Cid, dará? Xandão não é Sérgio Moro, no currículo, na personalidade, nem no trânsito político. E Paulo Gonet não é um Augusto Aras na PGR.

Cid, que desmaiou ao depor e ser preso novamente na sexta-feira, não entregou o nome do seu interlocutor nos áudios, mas negou que tenha sido pressionado pela polícia e desdisse tudo o que dissera neles. E, afinal, Cid participou de um conluio pró-Bolsonaro e contra as investigações ou, ao contrário, caiu numa armadilha bolsonarista e não sabia que estava sendo gravado? A tese mais forte é de armadilha, pois ele é o único a perder. Voltou a ser preso, perderá os benefícios da delação, pode pegar dezenas de anos de prisão e arrasta sua mulher e o próprio pai, general Mauro César Cid, para o buraco.

Os investigadores trabalham com a hipótese de Bolsonaro ter articulado um contraataque, que começa com os áudios de Mauro Cid e teria um segundo grande momento com o “novo” depoimento do almirante Almir Garnier, o único dos três comandantes militares a compactuar com o golpe e a ser investigado. Ele desmentiria as versões do general Freire Gomes e do brigadeiro Baptista Jr. Assim, Cid e Garnier confundiriam tudo, jogariam a sociedade contra a PF e o STF e virariam o jogo, como no pósLava Jato. Moraes viraria vilão e Bolsonaro, a vítima. A PF, porém, não é boba, não aceita “novo” depoimento de Garnier, que calou no primeiro.

Bolsonaro e os investigados tentarão anular a delação, mas a PF e Moraes têm montes de provas concretas em todos os inquéritos, inclusive no próprio celular do coronel, e até acham que ele escondeu muitas verdades. Conclusão: Cid está no fundo do poço, descartado pelos dois lados. E, afinal, quem é seu algoz, que fez dele gato e sapato em todos esses crimes? O cara do “Pix de milhões”.

 

4 comentários:

  1. ■Os áudios de Cid são a Vaza Jato do PT.
    =》Mas o que eu acho que seria importante mesmo para o Brasil seria a reversão destas narrativas delinquentes e
    os 22222doisssss 2222222 na CADEIA :: o lugar de bandidos.

    ■É bem sacada quem bate bumbo com os áudios de Cid e com o artifício da Vaza Jato para proteger criminosos.

    Lula e Bolsonaro na cadeia:: e na cadeia comum, e não em um aposento com Internet, televisão, aparelho de ginástica...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
    2. CORRIGINDO:
      ■É bem sacana quem bate bumbo com o áudio de Cid e com o artifício da Vaza Jato para proteger criminosos.

      Excluir
  2. Bolsonaro é o famoso chave de cadeia,as pessoas que aproximaram dele...

    ResponderExcluir