Folha de S. Paulo
Marielle e Anderson não são as únicas vítimas
do atentado que sofreram
Deu para entender a importância de
saber quem mandou matar Marielle e por quê? O crime
cometido contra uma vereadora da segunda maior cidade do país
deveria horrorizar a todos pelo significado que ele carrega. É o retrato
sombrio do impacto da presença da milícia na segurança pública, na integridade
das instituições democráticas e no tecido social das comunidades afetadas.
Mas bolsonaristas, políticos e apoiadores, passaram os últimos anos questionando a relevância da investigação, apelando ao argumento reducionista de que se tratava de apenas mais um assassinato em meio a dezenas de milhares. Amparados na lógica da polarização de que a cobrança era pura politização, ajudaram a politizar um caso que deveria ser tratado como emblemático.
A morte de Marielle não é especial no sentido
de que não há mortes mais ou menos graves, mas o seu caso sustentava a crença
da impunidade que têm aqueles que debocham da sociedade, alimentam a
legitimação da violência como meio de resolver conflitos e exercer poder, por
meio de influências que corroem as bases do Estado de Direito.
A infiltração de milicianos ou de seus
aliados em cargos políticos e instituições públicas ameaça a integridade e o
funcionamento das democracias. O resultado está aí, no que resta do Rio de
Janeiro: manipulação de políticas públicas, alocação de recursos e legislação
em favor de interesses criminosos, além de comprometimento de investigações e
processos judiciais, como constatado.
Marielle e Anderson não são as únicas vítimas
do atentado que sofreram, mas todos nós, incluindo bolsonaristas desdenhosos,
reféns da barbárie que cresce tanto quanto o cinismo político e a instabilidade
social, lambuzada em extorsão, tráfico, contrabando de armas, grilagem de
terras e assassinatos.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, diz que as investigações serão encerradas por
ora. Isso deveria ser só o começo de uma devassa
Verdade.
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