Folha de S. Paulo
Economia aflige menos; nota do presidente na
segurança pública cai muito, diz pesquisa
A partir do final do ano passado até
agora, a avaliação
de Luiz Inácio Lula da Silva piorou muito em várias áreas, em
especial em segurança pública, combate à corrupção e em controle de gastos,
lê-se em pesquisa Atlas feita entre 2 e 5 de março.
Aumentou a preocupação do eleitorado com
criminalidade e tráfico de drogas e com corrupção, assuntos citados como os
principais problemas do país para quase 60% dos entrevistados. "Pobreza,
desemprego e desigualdade social", pior problema citado por 20,6%, e
"economia e
inflação", por 15%, ora estão longe no ranking das aflições.
Esses números podem ajudar a explicar a baixa da popularidade de Lula. O aumento do salário médio, dos benefícios sociais, do número de empregos e a queda da inflação não bastaram para compensar outras insatisfações (talvez mais reverberadas em redes sociais e de mensagens).
A melhora socioeconômica bastou ainda menos
para alterar o fato de que a maioria do eleitorado se divide em opiniões
opostas sobre quase qualquer aspecto do governo ou do país, a depender do voto
em 2022 (em Lula ou em Jair Bolsonaro).
O prestígio de Lula passou a declinar de modo
relevante a partir de setembro, segundo dados de outras duas pesquisas
divulgadas na semana passada, a da Quaest e a do Ipec. Nos números da Atlas,
desde o início do governo as fatias do eleitorado que dão "ótimo/bom"
e "ruim/péssimo" para o presidente estiveram em níveis bem próximos;
o declínio da avaliação positiva ficou mais significativo a partir de janeiro.
Mas a degradação do prestígio de Lula causou
mais impressão com a divulgação dessas três pesquisas, realizadas entre 25 de
fevereiro e 5 de março. Nas três, ora há empate na proporção de eleitores que
dão as melhores ou piores notas para Lula, dada a margem de erro. Isto é, 35%
de "positivo" ante 34% de "negativo" na Quaest; 38% de
"ótimo/bom" ante 41% de "ruim/péssimo" na Atlas; 33% de
"ótimo/bom" ante 32% de "ruim/péssimo" no Ipec.
O grosso da perda de pontos de Lula ocorreu
entre seus eleitores de 2022, de primeiro ou de segundo turno, até porque
praticamente o presidente não tem mais o que perder entre quem votou em
Bolsonaro; os demais são minoritários.
Lula era "ótimo/bom" para 82,8% de
seus eleitores de segundo turno em julho de 2023, caindo para 70,6% em março de
2024, na pesquisa Atlas. No Ipec, a baixa foi de 70% para 61%.
Quanto à avaliação de aspectos do governo, a
piora mais significativa ocorreu em "segurança pública", dado da
Atlas. O desempenho era tido como "ótimo/bom" para 43% em novembro;
em março de 2024, para 24%. No caso de "justiça e combate à
corrupção", passou de 49% para 28%. Em "responsabilidade fiscal e
controle de gastos" de 48% para 30%.
As declarações de Lula sobre Israel e, bem
menos, Venezuela foram assuntos lembrados nas análises do declínio do prestígio
de Lula. Em "relações internacionais", o governo passou de 53% de
"ótimo/bom" em novembro para 38% em março.
A avaliação da economia também piora, mas
menos.
Confirma-se a disparidade quase inamovível de
opiniões entre lulistas e bolsonaristas. A "situação econômica do
Brasil", por exemplo, é "boa" para 51,5% dos que votaram em Lula
no segundo turno de 2022 e para 2,1% dos eleitores de Bolsonaro (Atlas). Para
quem votou branco ou nulo, 22,9%; para quem não votou, 24,9%.
Por acaso ou sintomaticamente, a média da
opinião positiva de lulistas e bolsonaristas é próxima daquela dos eleitores
que não escolheram candidato a presidente na eleição passada.
É difícil avaliar a popularidade de Lula em
categorias como renda, anos de estudo e mesmo gênero e religião. Há diferenças
relevantes de números entre as pesquisas; de resto, nesses casos, as margens de
erro são maiores.
Pois é...
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