O Estado de S. Paulo
Petrobras: o que vem aí, passado ou futuro, liberdade ou intervencionismo?
O presidente Lula chamou Jean Paul Prates
nesta segunda-feira para uma “conversa definitiva”, como exigia o próprio
Prates, mas ele já é considerado passado. O que interessa, e não só ao mercado,
é o futuro da Petrobras e o que ele desvenda sobre a política econômica e sobre
o governo daqui em diante. Afinal, Lula quer continuar a olhar para trás, ou
vai aproveitar a troca na principal empresa do País para olhar para frente?
O fim do PSDB é melancólico, constrangedor. E o que projetar para o PT, seu antagonista durante décadas, até o bólido bolsonarista atropelar os dois?
Aloizio Mercadante na Petrobras lembra Dilma Rousseff no Banco dos Brics e Guido Mantega na Vale: falta de renovação, compensação para “cumpanheiros” e volta ao passado, em diferentes sentidos.
Mercadante, ponte direta com Lula, dispensa
padrinhos e neutraliza a guerra entre Rui Costa, Fernando Haddad e Alexandre
Silveira, único fora do PT, e passou ileso por mensalões e petrolões. Ele,
porém, foi assessor econômico de Lula no PT durante décadas, mas foi preterido
para a Economia nos três mandatos de Lula e duas vezes por Dilma. Na visão do
mercado, não exatamente por suas qualidades…
A queda de Prates e a ascensão de Mercadante
gera dúvidas: quem vem aí, um velho petista intervencionista, estatizante,
encharcado de preconceitos contra o mercado, como Lula se assume? Sua passagem
de quase um ano e meio pelo BNDES – um canhão poderoso – não dá pistas. Alguém
sabe o que tem sido feito por lá?
Muita coisa boa deve estar acontecendo, mas
ninguém sabe, ninguém viu. De Saúde, só se fala de dengue, covid, pouca oferta
de vacina e menos ainda de demanda. Na Educação, Camilo Santana é do Ceará, que
ganha prêmios nessa área, mas pouco se fala além da mudança nas mudanças do
ensino médio. E o “ministério do Bolsa Família”? Os três são, ou eram, uma
grande marca do PT.
A queda da popularidade não é por uma crise,
um grande problema, mas pelo conjunto da obra: falas de Lula sobre Maduro,
Putin, gastos, estatais, mercado; desconhecimento sobre o que ministros e
ministérios andam fazendo; velhas guerras palacianas e petistas; ataques
especulativos a Haddad, que fechou 2023 como estrela, mas parece não ter
entrado ainda em 2024.
Juntem-se a isso inflação de alimentos e força da oposição na internet e conclui-se: o slogan “Fé no Brasil”, Lula sair por aí falando em Deus e milagres e uma reforma ministerial – principalmente atingindo mulheres – não vão melhorar a imagem de Lula e seu governo. A solução não está no marketing e no passado, está na política, na gestão e no foco no futuro.
Pode ser.
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