O Estado de S. Paulo
A política econômica do governo Lula 3 está tornando mais difícil uma próxima vitória eleitoral
Lula assumiu o terceiro mandato já pensando
em 2026, o que é normal. A questão é saber se vai funcionar a fórmula que está
tentando aplicar para ganhar as próximas eleições.
Ela é muito simples e se baseia numa leitura do passado: a de que o gasto público traz voto, além de impulsionar o crescimento do PIB. Há uma série imensa de fatores que influenciam eleições, mas a ortodoxia petista (não só, porém) insiste em que benefícios sociais, acesso ao crédito e consumo das famílias é que consagram o presidente nas urnas.
Lula e seu partido resumem a isso a análise
do que os levou a quatro vitórias (admitem que a quinta, em 2022, foi por
fatores “extraordinários”). Consequentemente, a ênfase da política econômica
atual é no gasto, com grande emprego de energia política para driblar
restrições.
Esse raciocínio assume que, colocando feijão
no prato, o resto se resolve. O problema é que a capacidade da economia
brasileira de “colocar feijão no prato” – ou seja, crescer gerando renda e
prosperidade – vem se reduzindo nas últimas décadas.
De novo, a estagnação em produtividade e
competitividade é resultado de uma combinação complexa de fatores, mas um deles
é justamente o que envolve decisões diretas de agentes políticos: a questão
fiscal. Ela não sai da atenção dos agentes econômicos por motivo muito simples,
pois retarda a queda de juros e torna o custo do capital no Brasil muito alto,
prejudicando investimentos e, portanto, capacidade de crescimento.
Ao descrever o presente debate econômico como
uma disputa entre “rentistas” (os que vivem de juros) e “desenvolvimentistas”
(os que querem fazer a economia crescer via gasto público), Lula e seu círculo
duro de assessores não enxergam a espiral que torna mais difícil, e não mais
fácil, lograr o crescimento que levaria a vitórias eleitorais. Entendem as
expectativas de juros a longo prazo bem altas (IPCA + 6%, uma tragédia) como
uma armadilha montada por adversários políticos.
A conclusão óbvia que se extrai desse tipo de
expectativa manifestada por agentes econômicos é a de que eles (que são
numerosos e anônimos) não enxergam grande capacidade de crescimento da economia
lá na frente. E essa percepção piora com o governo demonstrando escassa
capacidade de articulação e lentidão na implementação de uma agenda que não
seja apenas a de reforçar o gasto público.
Lula cortou de saída qualquer conversa sobre
controle de despesas – temeroso de desgaste político e convencido da sua
“fórmula” de crescimento da economia. Está lutando contra desgaste político e
descrença na economia.
Perfeito, pois simples e didático. Daniel, o petralha, vai detestar e Amâncio ficará surpreso...
ResponderExcluirMAM