Folha de S. Paulo
PF mal arranhou a superfície na apuração do
descontrole da verba indicada por parlamentares
Em uma semana, Juscelino
Filho terá que explicar à PF por que mandou dinheiro público para
pavimentar uma estrada que passa por suas propriedades. O ministro também
poderá contar aos investigadores sobre sua relação com o empresário Eduardo DP
e com
uma construtora envolvida em outra obra bancada com emendas parlamentares.
Poucos casos ilustram tão bem a farra da distribuição de verba por indicação de deputados e senadores. Investigações conduzidas pela PF e pela CGU levantaram indícios de que Juscelino não se contentou apenas com os generosos benefícios políticos de mandar uma bolada de emendas para seu reduto eleitoral.
Tudo começou com o que parecia ser um
escândalo de privatização de verba pública. Quando ainda exercia mandato na
Câmara, o deputado destinou R$ 7,5 milhões para um serviço de pavimentação em
Vitorino Freire (MA). Segundo a CGU, 80%
dos trechos em construção beneficiavam fazendas do parlamentar.
Depois, os investigadores resvalaram em algo
com cara de corrupção. Diálogos sugerem que Juscelino pediu ao empresário
Eduardo DP, da empreiteira Construservice, pagamentos para um engenheiro e
duas servidoras da Prefeitura de Vitorino Freire, comandada pela irmã do
ministro. A PF suspeita ainda que o
deputado seja sócio oculto de uma empresa contratada para uma das
obras bancadas pelas emendas.
O ministro declarou que é "o maior
interessado" em esclarecer o caso. Para isso, terá que dar à PF, a portas
fechadas, uma desculpa melhor do que a defesa pública que fez até aqui. Em
nota, sua assessoria afirmou que ele "não é responsável pela execução e
fiscalização dos projetos resultantes dessas emendas".
O pagamento dessas verbas virou uma festa
justamente pelo descontrole que vai desde a indicação feita pelos
parlamentares, passa pela entrada do dinheiro nos cofres das prefeituras e
chega à contratação de empresas muitas vezes escolhidas a dedo por políticos. A
PF mal arranhou a superfície.
Pois é!
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