O Estado de S. Paulo
Quaest é ruim para Lula e péssima para Bolsonaro. E o centro, morreu?
Pesquisas de opinião são retratos do momento
e cada um olha como bem entende, mas a última rodada da Genial/Quaest é clara:
não chega a ser péssima, mas boa também não é para o presidente Lula. O copo
está meio cheio e meio vazio, mas parece mais vazio do que cheio para Lula, que
tem o governo e a caneta, os recursos e a visibilidade inerentes ao cargo.
São trunfos, mas faca de dois gumes, tudo depende de como a população vê o governo, de como o presidente e seus ministros usam a caneta e os recursos e se a visibilidade reverte a favor ou contra. Não adianta só aparecer, é preciso aparecer bem. Aliás, como Lula agora, na reação rápida e efetiva à tragédia do Rio Grande do Sul, que atrai as atenções e a solidariedade do Brasil inteiro e até do exterior. São viagens, reuniões, montanhas de recursos.
A pior notícia para Lula na Quaest – que
entrou em campo em 2 de maio, segundo dia das enchentes gaúchas, quando Lula já
embarcava para o Estado – é que 55% dos ouvidos são contra a chance de um
quarto mandato para ele em 2026 e só 42%, a favor. Esses 55% vão além do núcleo
duro da oposição, que não vota no PT de jeito nenhum. Logo, aponta um certo
cansaço com Lula, ou com “os mesmos de sempre”, entre os indecisos.
A boa notícia para ele é que 47% votariam na
reeleição em 2026, num porcentual melhor do que o de todos os potenciais
adversários incluídos na pesquisa. Mas, se 47% votariam, 49%, não. Será tão boa
assim? É como um hipotético embate entre Lula e o governador Tarcísio de
Freitas (SP), um dos candidatos a candidato de Jair
Bolsonaro. Parece boa notícia para Lula, mas
será?
Se a eleição fosse hoje, Lula teria 46% ante
40%, com duas desvantagens: Tarcísio tem 30% de rejeição, razoavelmente baixa,
e 39% de desconhecimento, bastante alto. Logo, ele tem muito horizonte, muito a
crescer, desde que use o tempo a favor da sua aprovação, driblando um risco
muito comum para os políticos, especialmente os que ocupam cargo executivo:
quanto mais conhecido, mais rejeitado.
Se Lula está longe de soltar fogos com a
pesquisa, o outro lado menos ainda: se 39% votariam em Bolsonaro (declarado
inelegível pelo TSE), sua rejeição vai a 54%, assim como a de Michelle
Bolsonaro é de 50%, igual à de Fernando Haddad, ex-candidato em 2018 e uma das
cartas na manga para o caso de Lula não disputar o quarto mandato.
Moral da história: a dois anos e meio da
eleição, uma eternidade na política, a polarização está cristalizada, os nomes
são óbvios, estão embolados e não há alternativas. O Brasil sempre foi um país
do centro, mas cadê o centro? Morreu sem choro nem vela?
Duda Mendonça nos dizia que a melhor situação para um candidato é a dos três terços: 1/3 de ótimo e bom, 1/3 de regular e 1/3 de ruim e péssimo. Essa seria a forma ideal para o marketeiro trabalhar a imagem do pretendido. Se ele começa lá no alto, a tendência é sempre a de cair. E se começa a cair, cai como uma bola de neve e os opositores crescem. Como bom baiano, ele acrescentava: é sempre muito ruim ficar no ponto mais alto de um coqueiro. O vento balança muito, é mais difícil se manter e os que vêm de baixo puxam o primaz pelos tornozelos.
ResponderExcluirMais alto o coqueiro,maior é o tombo...
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