O Estado de S. Paulo
Saíram os generais de Bolsonaro e entraram os petistas de Lula, mas a guerra continua
Assim como todos os ministros do Planalto no
governo Jair Bolsonaro eram militares, até a chegada do líder do Centrão, Ciro
Nogueira, na Casa Civil, todos no governo Lula estão nas mãos de um único
partido, o PT. O que significa? Uma bolha de pensamento único, sem
controvérsias reais e suscetível a briguinhas de poder e a disputas pelas
graças do presidente de plantão.
No caso de Bolsonaro, eram todos generais, fazendo reverências ao capitão insubordinado. No de Lula, a velha guerra interna e as idiossincrasias do PT foram transportadas para o centro de poder e miram os dois principais ministros, Fernando Haddad, petista e responsável pelos maiores troféus do governo em 2023, e José Múcio, que vem da direita e é considerado o engenheiro certo, na hora certa, para construir pontes com os militares.
Rui Costa, da Casa Civil, reverbera nos
palácios as críticas que o PT faz abertamente à política econômica “neoliberal”
de Haddad, não só aplaudida pelo “mercado” e por especialistas, como o maior
sucesso do governo em 2023. Enquanto Lula tropeçava na política externa, por
exemplo, Haddad aprovava com as cúpulas do Congresso o arcabouço fiscal e a
reforma tributária e acabou entregando boas surpresas no PIB, emprego, dólar,
Bolsa, inflação e, indiretamente, juros.
Além de Rui Costa e da primeira-dama, Janja,
Lula está cercado no Planalto pelos petistas Alexandre Padilha, articulador
político, Paulo Pimenta, da Comunicação, e Márcio Macedo, da Secretaria Geral,
a quem
Lula e os demais acusam pelo fiasco do
Primeiro de Maio sem gente, apelo, emoção e cara. Como ele é responsável pelas
Centrais Sindicais, tem lá sua culpa, mas só ele?
O que se equilibra melhor na disputa de egos
é Padilha, que bate de frente com Arthur Lira, talvez, por suas próprias
qualidades, não pelos defeitos, e tem sido um aliado discreto, mas efetivo, de
Haddad nas boas causas: menos interferência na Vale e Petrobras, liberação dos
dividendos extraordinários e política econômica pragmática, de resultados,
olhando para frente, não para trás – como insistem o PT e Lula.
A pior coisa que Lula pode fazer, contra ele
próprio e seu governo, é apoiar os ministros e parlamentares petistas que minam
a força de Haddad e Múcio. Na avaliação de líderes do setor privado, a economia
vai bem, melhorou muito desde o início de 2023, com mais emprego, renda e
crédito e menor inadimplência – até na baixa renda. Mas, se a economia melhorou
muito, Haddad parece mais desgastado, vulnerável e acuado, inclusive no governo
e no Planalto. Pior para quem? Para Haddad ou principalmente para Lula?
Eliane e sua birra petista.
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