domingo, 19 de maio de 2024

Eliane Cantanhêde - Na direção certa

O Estado de S. Paulo

Se Lula acertar no Sul, sobe nas pesquisas; se errar, cai. É do jogo

O pior já passou? Não, não passou. A previsão é de tempos ainda muito difíceis e dolorosos no Rio Grande do Sul, com chuvas e enchentes ao sul do Estado e aumento do risco de doenças por toda parte onde a água começa a secar e a lama fica, com uma profusão de bactérias, dejetos e dor. O foco, neste momento, está na saúde e na ajuda emergencial para famílias, municípios, Estado e produtores, sem descuidar da reconstrução.

Em Pelotas e Rio Grande, cidades banhadas pela Lagoa dos Patos, atenção total para a piora da situação, com mais água escoando para o oceano e os níveis da lagoa subindo, ameaçando com inundações, deslizamentos e a destruição de casas, comércios, empresas. Logo, a vida de pessoas.

Em todo o Estado, alerta para as doenças ligadas à água, como leptospirose, hepatite A e diarreias, e o frio potencializa as síndromes respiratórias, especialmente em circunstâncias adversas, com crianças, idosos e suas famílias amontoados em abrigos e que deixaram cobertores e agasalhos para trás, em suas casas alagadas, muitas perdidas para sempre.

O secretário de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, sanitarista Adriano Massuda,

registra que estão garantidos 1,2 milhão de doses de vacinas, o abastecimento de oxigênio, que poderia faltar em dois dias, e cem kits para desastres.

Cada um atende 1,5 mil pessoas por 30 dias e contém 40 itens, como analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e material de primeiros socorros. E há parcerias com Estados, municípios, planos de saúde, clínicas, entidades e indústrias farmacêuticas e de material de saúde. “Uma operação de guerra”, resume.

Do ponto de vista político, é preciso criticar quando algo vai mal, por exemplo, na política externa e na ingerência na Petrobras, mas é preciso reconhecer quando as ações vão na direção certa. O presidente Lula tem comandado a guerra, tomando decisões, liberando verbas emergenciais, cobrando os ministros e marcando presença na área da tragédia. É o que se espera de governantes e líderes.

A grande dúvida é de onde vem o dinheiro. E Lula arranhou seu desempenho ao nomear como o homem de Brasília na crise o gaúcho Paulo Pimenta, ministro, deputado federal mais votado do PT na história do Estado e candidato natural ao governo em 2026. Pior: anunciar Pimenta, rindo, alegre, como se fosse um palanque. É um erro de forma que não afeta o conteúdo. A verdade, cristalina, é que o governo tem feito tudo que é possível e, se terá efeitos na popularidade de Lula, na avaliação do governo e em futuras eleições... Bem, isso é da natureza política. Aliás, da própria natureza humana.

 

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