O Estado de S. Paulo
A tragédia no Sul conseguiu, e Madonna ilustrou, o que Lula quis e não fez: união nacional
A tragédia do Rio Grande do Sul, a maior da
história do Estado, e o megashow da Madonna em Copacabana, o quinto mais
concorrido do planeta, servem como lembrança de algo que há muito anda
esquecido, ou desdenhado, no Brasil: a união faz a força de uma nação e a
radicalização não leva a nada. Todos os lados se uniram para socorrer o Estado
e para ver Madonna.
A crise entre os Poderes sucumbiu ao desastre
do Sul, que uniu no mesmo avião e na mesma foto os presidentes Lula, Arthur
Lira, da Câmara, e Rodrigo Pacheco, do Senado, além do vice-presidente do STF,
Edson Fachin.
Simbologia: acima de ideologias, partidos e interesses, institucionais ou pessoais, está a responsabilidade pública, com Estados, municípios, cidadãos.
No show de Madonna, regado a irreverência,
sensualidade, igualdade e homenagens aos grandes, inclusive do Brasil, a
meninada de amarelo entrou sambando e a ícone do pop desfraldou a bandeira
verde e amarela com Pabllo Vittar, num país campeão de assassinatos do grupo
LGBTQIA+ e profundamente dividido, com o bolsonarismo monopolizando a bandeira
nacional como sua.
Os casamentos, em tese, unem “na alegria e na
dor”. Os brasileiros de todas as regiões, religiões e partidos, lulistas,
bolsonaristas ou independentes, se uniram na alegria em Copacabana e na dor no
Sul, em grandes demonstrações de solidariedade. Até campeões de surf correram
para ajudar no resgate de grávidas, bebês, velhos e pets. São de esquerda? De
direita?
Mais do que simbólicas, as reuniões de Lula
com o governador Eduardo Leite, ministros e presidentes de Poderes produziram
ações de emergência e de reconstrução: verbas sem limites fiscais, renegociação
da dívida, flexibilidade para gastos, canalização de emendas.
As Forças Armadas saem de manchetes sobre
golpes e entram com 13,4 mil homens, helicópteros, aeronaves. O MST, sempre tão
demonizado, distribui milhares de quentinhas. Ambos levando segurança e alento
para milhares que perderam tudo e saíram de suas casas sem ideia de quando, e
se, vão voltar. A tragédia apagou o passado e não desenha o futuro. Devastador,
mas a mão amiga, o prato de comida, a garrafa d’água, o cobertor… vão ficar
para sempre na memória de quem doou e de quem recebeu.
O difícil é a solidariedade e a união
durarem. Os Poderes e a solidariedade são rápidos na emergência, mas logo
recuam quando as águas secam e as vítimas são enterradas. Acabou o show de
Madonna? Parou de chover? Junto com o Guaíba, a guerra entre os Poderes, os
interesses mesquinhos, a polarização e a incivilidade também voltam ao
“normal”.
O que é uma pena!
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