Folha de S. Paulo
País precisa escolher entre perpetuar-se num
atoleiro moral com os palestinos ou tentar uma paz sustentável com vizinhos
árabes
Já passa da hora de Israel se
livrar de Binyamin
Netanyahu, mesmo com a guerra em
Gaza ainda em curso. O premiê israelense já deu repetidas
mostras de que sua prioridade é salvar a própria pele, não fazer o que é melhor
para Israel.
Paradoxalmente, o conflito criou uma oportunidade para Tel Aviv. Os EUA estão jogando todo o peso de sua diplomacia para tornar em princípio factível um acordo pelo qual Israel normalizaria suas relações com a Arábia Saudita e a maior parte dos países árabes ditos moderados. É o que Israel sempre quis desde 1948, o ano de sua fundação. Em contrapartida, precisaria aceitar a criação de um Estado palestino autônomo na Cisjordânia e em Gaza.
Em tese, isso não é um problema. Embora a solução de
dois Estados tenha perdido apoio popular nos últimos anos, em
especial após o ataque terrorista do Hamas,
Israel segue oficialmente comprometido com ela. Na prática, porém, Netanyahu
sempre trabalhou para sabotar as negociações com os palestinos. E não é só ele.
Os partidos de extrema direita que compõem a coalizão governista não apenas são
veementemente contrários ao Estado palestino como ainda querem anexar a
Cisjordânia e Gaza. É uma posição francamente delirante. Israel não tem
condições políticas nem econômicas de governar diretamente esses territórios.
Fazê-lo seria perenizar uma situação de apartheid.
A escolha diante dos israelenses, portanto, é
entre meter-se num atoleiro moral e militar sem perspectiva de saída e a
possibilidade de viver em paz com o mundo árabe. O segundo caminho encerra
obstáculos formidáveis e cobraria decisões difíceis, mas é aquilo com o que as
gerações anteriores de israelenses sempre sonharam.
Netanyahu não tem vontade nem condição
política de seguir essa trilha. Se os israelenses querem uma paz sustentável,
precisam pôr um fim à sua administração o quanto antes. A janela de
oportunidade não vai durar muito tempo.
Excelente!
ResponderExcluirMuito bom!.
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