Folha de S. Paulo
Esquerda aceita ideia de que menores sejam
tratados de modo menos rigoroso desde que delito não integre sua lista de
crimes favoritos
A esquerda precisa definir aquilo em que acredita. Quando um bolsonarista fala em reduzir a maioridade penal, a esquerda, com razão, rejeita a proposta. E o faz com base na ideia de que crianças e adolescentes, por serem sujeitos em formação, devem receber da Justiça um tratamento menos rigoroso que o dispensado a adultos. Daí não decorre que jovens não devem responder por ilícitos ou violações éticas que cometam, mas apenas que as sanções tenham caráter mais educativo do que retributivo.
Essa é uma das raras situações em que as leis
brasileiras encontram amparo na ciência. O córtex pré-frontal, a área do
cérebro responsável pela tomada de decisões complexas e pelo controle da
impulsividade, é a última a amadurecer, o que só ocorre por volta da segunda
década de vida.
Basta, porém, que a falta cometida integre a
lista de crimes que a esquerda considera hediondos para que as ideias
humanistas acerca da moderação punitiva sejam esquecidas. Foi o que vimos agora
no caso de racismo numa escola
frequentada pela elite paulistana. Parte dos autointitulados
progressistas exigiu a expulsão sumária —a pena máxima no âmbito acadêmico— das
meninas que perpetraram o ato racista.
O que as garotas agressoras fizeram é grave e
precisa gerar consequências. Mas, se achamos que a contenção sancionatória deve
valer até para homicídios, parece óbvio que precisa abarcar também crimes com
consequências menos definitivas, por maior que seja a repulsa que estes nos
provoquem. Podemos ir um pouco mais longe e afirmar que, se a função precípua
da escola é educar, a expulsão priva
tanto a vítima como as ofensoras de transformarem o episódio numa oportunidade
de aprendizado e crescimento, o que é possível recorrendo aos princípios da
justiça restaurativa. Pelo que li, é o que a escola procurava fazer até o caso
tornar-se público e converter-se em mais um capítulo das guerras culturais.
Perfeito !
ResponderExcluirNão sabia do caso,vou procurar.
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