Folha de S. Paulo
Em 48 horas, Lula e Eduardo Leite deram sinais de que o jogo
político da crise no Rio Grande do Sul mudou de fase. Na quarta (5), o
governador foi a Brasília com uma lista de reivindicações. Não foi recebido em
audiência e teve que se contentar com alguns minutos de tête-à-tête num evento
no Planalto.
No dia seguinte, Lula deu a Leite uma carona no avião presidencial. No voo, os dois conversaram e seguiram rumos distintos. Num ato sem a presença do governador tucano, o petista fez um discurso sob medida para os prefeitos gaúchos e anunciou um pagamento para conter demissões nas empresas do estado.
O Planalto vem demonstrando um certo incômodo na relação com Leite nas
últimas semanas. Após a solidariedade na etapa emergencial, auxiliares de Lula
apontam o que seria uma pressão exagerada pela liberação de dinheiro dos cofres
federais para iniciativas capitaneadas publicamente pelo governador.
Lula, por sua vez, decidiu estender a Leite meias cortesias. Turbinou o
apoio ao estado, mas estabeleceu um vínculo direto com as prefeituras. A
criação do ministério chefiado por Paulo Pimenta foi pensada, de certa
maneira, para limitar a dependência da intermediação do governador no contato
com municípios.
Até aqui, a busca por protagonismo não produziu caneladas violentas. Com
a máquina mais forte nas mãos, Lula poderia se lembrar do elogio que fez à
postura do próprio governo no tratamento dedicado a políticos de oposição.
"Eu queria dizer para vocês que custa caro, para nós, sermos
republicanos", gracejou, há cerca de um mês.
Tarcísio de Freitas liberou igrejas do pagamento de impostos sobre bens importados. Nem a Secretaria de Fazenda sabe quanto custará o aceno generoso a um nicho estratégico do bolsonarismo. Poucos dias antes, o governo havia lançado com pompa um corte de benefícios fiscais chamado de "histórico". Ninguém disse, porém, que a revisão seria secular.
Pois é!
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