Folha de S. Paulo
Sociedade freia PL Antiaborto por Estupro e
mostra que pode barrar obscurantismo da direita extremada
Em boa hora, fracassou a tentativa do
deputado Sóstenes
Cavalcante (PL-RJ), patrocinada pelo presidente da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de acelerar
a votação do
projeto de lei 1904/24, que equipara o aborto a
homicídio quando completadas 22 semanas de gestação.
Autor da desumana proposta, o parlamentar bolsonarista viu no pedido de urgência uma forma de constranger o presidente Lula —"testar o governo", confessou com todas as letras— valendo-se de um tema espinhoso como poucos. Lira, por sua vez, imaginou uma oportunidade de assegurar o apoio da bancada evangélica para eleger seu sucessor no ano que vem.
Nenhum dos dois está nem sequer remotamente
preocupado com as consequências devastadoras para as mais frágeis entre as
mulheres potencialmente atingidas se aprovado o absurdo: meninas muito pobres,
vítimas de abuso sexual e chegadas à puberdade sem conhecer os direitos que a
lei lhes garante e os instrumentos para exercê-los.
Enquanto o governo se enrolava, a reação veio
da sociedade. Vigorosa, impôs a primeira derrota de vulto à extrema direita ali
onde ela se sente mais à vontade para semear a intolerância religiosa e o
desrespeito a visões diferentes das suas sobre vida privada e formas de ser das
famílias.
A sociedade recorreu a todos os instrumentos
disponíveis: manifestações de rua, artigos na imprensa, entrevistas e debates
nas TVs, tudo rapidamente traduzido para o dialeto das redes sociais.
Passados meros três dias da aprovação do
pedido de urgência, pesquisa do instituto Quaest evidenciou que as
manifestações nas redes eram amplamente contrárias ao que já se tornara
conhecido como "PL do estuprador". No seu melhor dia, colheu irrisórios
14% de postagens favoráveis. Já a sondagem aberta ao público no site da Câmara dos
Deputados registrou 88% de opiniões contrárias à iniciativa.
A razão do êxito parece clara: a união de
muitas vozes diferentes contra a iminente barbárie legislativa,
formando um coro que incluía de conhecidas figuras públicas de direita a
combativas militantes de esquerda. Associaram-se ao protesto pessoas e grupos
com ideias diferentes sobre o direito ao aborto: desde quem o deseja assegurado
de maneira ampla e irrestrita até quem se sente confortável com a limitada
legislação em vigor.
Serão também diversas suas preferências por
partidos e candidatos às próximas eleições municipais. Mas o episódio mostra
como a convergência em torno de um mínimo de civilização pôde barrar o
obscurantismo da direita extremada, contendo o dano às pessoas mais vulneráveis
e à própria convivência democrática.
Até agora não vi um comentário sobre a decisão da CNN órgão máximo da igreja brasileira católica em que em carta aberta o povo a entidade católica Declara apoio a PL Contra o aborto que está tramitando na Câmara Com o lema “A mãe e o filho devem viver e viverem vida com abundância “
ResponderExcluirA resposta está dada na coluna de hoje do Josias de Souza, " Datafolha mostra aos religiosos antiaborto legal que Deus existe ", no UOL: segundo pesquisa Datafolha, 7 em cada 10 católicos rejeitam projeto que equipara mulheres que cometem aborto a estupradores. A CNBB pode ser a cúpula que for, mas ela não substitui parcela mais que considerável da sociedade. Nem a CNBB, quanto mais pastores alucinados ou picaretas. Enfim.
ExcluirO papagaio bolsonarista não consegue escrever CNBB e nem uma frase sem erros absurdos. Na campanha eleitoral de 2022 este "ser" (robô ou papagaio?) descartava as pesquisas eleitorais e dizia que Bolsonaro venceria no primeiro turno, depois afirmou que ele ganharia no segundo turno, e quando Lula formava seu ministério, o ser nos ameaçava dizendo que Lula não subiria a rampa. Quando Lula assumiu, o ser sumiu! Agora, reapareceu neste blog na semana passada e fica repetindo/papagaiando comentários de mesmo tema (especialmente este) em diferentes colunas.
ResponderExcluirA igreja católica ainda acredita que a vida humana começa no útero materno.
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