O Globo
Seria preciso uma vitória econômica vigorosa para que o eleitor acreditasse que o PT, sem Lula, terá vida própria
A careta que a primeira-ministra da Itália
Geórgia Meloni fez ao ser cumprimentada pelo presidente francês Macron, e a
conversa amistosa que ela teve com o presidente argentino Javier Milei, que por
sua vez declarou ter amizade pelos Bolsonaro, mostra como a direita
internacional sente-se à vontade no atual confronto com as forças do centro, e
da esquerda, no mundo.
O ex-presidente brasileiro não hesitou em impor um candidato de extrema direita ao prefeito paulistano Ricardo Nunes, que tentou até o fim um companheiro de chapa menos bandeiroso, mas teve que ceder à força de Bolsonaro, que parece estar disposto a acelerar a polarização com Lula. Ricardo de Mello Araújo (PL), ex-coronel da Polícia Militar e ex-presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), será seu companheiro de chapa, mesmo que sua escolha tenha irritado parte do MDB, partido do prefeito, e outros partidos da coligação.
Como a opção contrária viável é Boulos, do
PSOL, nada deve acontecer que prejudique a campanha de Ricardo Nunes. A não ser
que o eleitorado tenha uma reação tão forte que viabilize a candidatura de
Tabata Amaral, do PSB. Ou divida a força da direita com outros candidatos
menores, como Pablo Marçal, enfraquecendo o grupo.
Mas Bolsonaro está forçando a polarização no
maior estado do país para dar uma demonstração de força, que pode também se
transformar numa derrota. O presidente, por seu lado, está aceitando a
provocação, considerando o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas como seu
potencial adversário na campanha pela reeleição em 2026, e tomando o presidente
do Banco Central Roberto Campos Neto como seu adversário ideológico.
A dificuldade de Lula é que ele não tem
substituto na esquerda, e terá que ser candidato de qualquer maneira. A direita
tem escolhas a fazer, mas a esquerda não. Os governadores de direita são
competitivos, enquanto os líderes da esquerda dependem basicamente de Lula, não
têm luz própria. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, poderia (ou poderá)
ser esse substituto, mas o presente otimista não parece ser prenúncio de um
futuro promissor.
Se não se confirmarem as expectativas
negativas, Haddad poderá ser o substituto ideal para o PT, mas terá, como
sempre, pressão contrária dentro do próprio partido. Só disputou a eleição de
2018 porque ninguém no partido acreditava em vitória com Lula na cadeia, ao
contrário da direita, que cheira a vitória mesmo sem Bolsonaro na disputa, e
possivelmente na cadeia. Seria preciso uma vitória econômica vigorosa para que
o eleitor acreditasse que o PT, sem Lula, terá vida própria.
Mesmo Dilma, eleita por obra e graça de Lula,
não se transformou em liderança eleitoral, e foi derrotada na eleição
majoritária que disputou em Minas depois do impeachment. O PT tem a vantagem de
ser um partido forte e organizado, mas por isso mesmo vive amarrado a seu único
líder popular. Bolsonaro, que já foi de mais de uma dezena de partidos e não
lidera nenhum, mesmo o PL em que está hoje, tem uma liderança pessoal, que
independe da legenda onde esteja. Lula tem ainda um problema que não afeta
Bolsonaro: não pode correr o risco de terminar sua vida pública, aos 80 anos,
com uma derrota para a direita.
O PL é o maior partido do país hoje por culpa de Bolsonaro, mas tem Valdemar da Costa Neto no comando. Recebe todas as homenagens, inclusive a declaração pública de seu presidente de que quem determinará a chapa do PL na eleição presidencial será Bolsonaro. No meio dessa travessia, há a eleição na França, onde existem indicações fortes de que pode fracassar a manobra de Macron de antecipar as eleições depois da vitória da extrema direita na França na disputa pelo Parlamento Europeu, e dos Estados Unidos, que pode fortalecer mais ainda a direita internacional com a vitória de Trump e, na nossa região, dar ânimo para a direita.
Concordo totalmente Lula é única pessoa Que a esquerda ainda tem para ludibriar a população não é à toa que tiveram que tira lo da cadeia condenado a mais de 20 anos por corrupção e lavagem de dinheiro
ResponderExcluirO avanço da direita a nível internacional é irreversível a população de Europa e EUA se cansou da incompetência e autoritarismo dos governos de esquerda
Eu posso dizer,cruzes!
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