O Globo
Bardella é um símbolo perfeito para a nova
imagem desejada pela Reunião Nacional
Depois que a extrema direita elegeu o maior
número de deputados franceses nas eleições para o Parlamento Europeu, no começo
de junho, o presidente Emmanuel Macron dissolveu a Assembleia Nacional e
convocou novas eleições parlamentares para o fim deste mês. Em seu discurso ao
anunciar a medida, afirmou que a vitória dos “demagogos” e “populistas” da
“extrema direita” representa um “perigo para a nação” e que era necessário
“esclarecer” a vontade do povo.
Analistas divergem sobre a motivação de Macron para dissolver a Assembleia: se apostou que o voto na extrema direita nas eleições europeias foi um voto pontual de protesto, se espera que o sistema eleitoral distrital em dois turnos favoreça o centro ou se pretende que o exercício do poder desgaste o partido de extrema direita Reunião Nacional (RN). Se espera que as novas eleições reforcem seu apoio parlamentar, a manobra parece estar dando errado: as pesquisas de opinião apontam vitória do RN.
Macron enfrenta um momento difícil. De acordo
com as pesquisas, tem apenas 30% de apoio, nível bastante baixo (como
comparação, Pedro
Sánchez, da Espanha,
tem 38%; Giorgia
Meloni, da Itália,
44%). Ele implementou uma reforma da Previdência que aumentou a idade mínima
para se aposentar e ampliou o tempo de contribuição. Também reformou o sistema
de seguro-desemprego, endurecendo critérios de elegibilidade e reduzindo a
duração dos benefícios. As medidas foram impopulares e geraram protestos em
todo o país.
Quando a extrema direita obteve 33% dos votos
nas eleições para o Parlamento Europeu, o establishment francês ficou em
alerta. Há muito tempo ela se tornou uma força competitiva, mas vinha sendo
isolada por meio de uma política conhecida como “cordão sanitário”, segundo a
qual as forças tradicionais se recusavam a se coligar com ela. Com o
crescimento do apoio eleitoral, esse isolamento não é mais eficaz. A
possibilidade de a extrema direita eleger um primeiro-ministro na França é muito
grande. Pesquisas mostram que o RN teria 33% dos votos, seguido da coalizão de
esquerda Nova Frente Popular, com 28%. A coalizão de Macron, Renascimento,
ficaria em terceiro lugar, com 18%. A quarta força, o partido de centro-direita
Republicanos, está dividido, com uma parte tentando se coligar à extrema
direita.
Essas eleições marcam o auge do projeto de
crescimento do RN, liderado por Marine Le Pen. Ela herdou o partido do pai,
Jean-Marie Le Pen, e foi aos poucos tentando suavizar sua imagem, associada ao
racismo e ao antissemitismo. Pela primeira vez, no ano passado, uma pesquisa
nacional mostrou que mais franceses não consideram (45%) do que consideram
(41%) o RN um risco para a democracia.
Marine assumiu a liderança incontestável no
partido e recentemente adotou como protegido um jovem de 28 anos chamado Jordan
Bardella. De família de imigrantes italianos, ele foi criado num subúrbio pobre
de Paris. A combinação de boa figura com a história de vida no subúrbio faz de
Bardella um símbolo perfeito para a nova imagem do partido que ela deseja
projetar. Ele teve ascensão meteórica e foi indicado por Marine para presidente
do RN e candidato a primeiro-ministro. Se o RN efetivamente ganhar a eleição,
será o mais jovem chefe de governo da História da República francesa. Marine se
prepara para concorrer mais uma vez à Presidência em 2027.
O manifesto do RN mistura medidas
anti-imigração características da extrema direita europeia a ações de cunho
social, mais típicas da esquerda. Pretende endurecer leis migratórias e pôr fim
ao direito de cidadania para nascidos na França de pais estrangeiros. Também
quer limitar o acesso de imigrantes a serviços públicos até que tenham
contribuído com o sistema por determinado período de tempo. Ao mesmo tempo,
pretende baixar tarifas de eletricidade, gás e combustível e permitir que
empresas aumentem salários em 10% sem encargos patronais correspondentes.
Também quer aumentar o piso da aposentadoria para € 1.000 (R$ 5.800).
A vitória do RN nas eleições parlamentares
francesas prepararia uma candidatura presidencial forte em 2027 e consolidaria
o poder da extrema direita no coração da Europa Ocidental, uma vez que a Itália
já é governada há dois anos pela primeira-ministra Giorgia Meloni.
Se Bardella virar primeiro-ministro, será a primeira vez em que a extrema direita chega ao poder na França desde os anos 1940, quando o governo de Vichy colaborava com a ocupação nazista.
A política de imigração aberta na Europa já demonstra a saturação total Paris já está em reconhecível Portugal caminha para o mesmo fim Não é à toa que o partido de direita Chega ganhou lá principalmente defendendo o controle imigratório
ResponderExcluirO avanço da direita na Europa no mundo parece ser irreversível a incompetência e o autoritarismo dos governos de esquerda durante a pandemia Assustou a população e fez ela entender o viés autoritário dos progressistas
E provavelmente o Trump vai ganhar nos Estados Unidos aí a imprensa de esquerda vai ficar um Chororó só