Folha de S. Paulo
Plano tem boa ideia, mas poderia ter evitado
certos constrangimentos ao governo
No início do governo, Márcio França tentou
fabricar uma notícia em seu Ministério de Portos e Aeroportos. Ele
anunciou um plano para vender 15 milhões de passagens aéreas a
aposentados, pensionistas, estudantes e servidores a R$ 200 por trecho. Sem
modéstia, disse que seria "uma revolução na aviação brasileira".
Depois de vagar por escaninhos por 16 meses, o Voa Brasil foi lançado por outro ministro, com mais recato. O plano foi adiado um punhado de vezes, emagreceu e foi apresentado nesta quarta (24) como um projeto piloto: só para aposentados e com previsão de 3 milhões de bilhetes. Em vez de quatro passagens por pessoa a cada ano, serão duas.
Estimular a venda de assentos ociosos para
quem não costuma voar não é má ideia. Sem dinheiro público, o plano facilita a
busca por bilhetes que já seriam oferecidos por um preço baixo. Se tivesse sido
anunciado com menos pretensão, o programa teria evitado que o governo se
expusesse a certos constrangimentos.
O ministro responsável pela pasta dizia, em
março de 2023, que o plano estava montado. Faltava um detalhe banal: "o
governo concordar". Algum alarme soou no Planalto, pois Lula deu uma
bronca em sua equipe e, sem citar França, disse que "o
autor da genialidade" deveria ter combinado com o chefe antes de
anunciar o programa.
O plano foi desidratado à luz do dia pelo
ministro da Casa Civil. Há poucos meses, Rui Costa disse
que o programa era válido, mas não
deveria "criar uma falsa expectativa", pois não resolveria o
problema do custo das passagens. A "revolução na aviação" acabou
vendida como um programa de inclusão social direcionado a aposentados.
As negociações do plano abriram uma janela
para as empresas aéreas reforçarem antigos pleitos. Pediram medidas para
baratear o querosene de aviação, ampliar o acesso a empréstimos e reduzir o
custo de processos judiciais. No lançamento, o
novo ministro da área, Silvio Costa Filho, celebrou a abertura de uma linha
de crédito para as companhias.
Querosene me lembra lamparina e não avião,rs.
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