Folha de S. Paulo
Presidente quer impulsionar aliados em
outubro, mas também faz campanha pela própria popularidade
Lula nem
tentou disfarçar o motivo da visita a Contagem (MG), no fim de junho. Ao lado
da prefeita Marília Campos (PT), que vai
disputar mais um mandato, o presidente lembrou que a lei eleitoral proíbe a
presença de candidatos em inaugurações após 5 de julho. "Então, eu vim
aqui hoje para poder fazer neste ano a única coisa pública com você",
explicou.
O petista fez uma maratona antes que a janela se fechasse. Em nove dias, foram 11 eventos oficiais com pré-candidatos a prefeituras estratégicas. Em quase todos os atos, Lula abriu espaço para os aliados no palanque, soltou elogios e fez acenos pouco discretos, com a promessa de investimentos do governo federal.
Usar o peso da máquina pública para aumentar
a exposição de um pré-candidato é uma malandragem autorizadas pela lei. Lula
lançou mão dessa arma para impulsionar candidaturas de sua base política, mas
também para melhorar seu próprio desempenho na votação de outubro.
Resultados de eleições municipais não dizem
muita coisa sobre a força dos presidentes. Ainda assim, todos eles preferem
governar com uma rede ampla de prefeitos alinhados do que isolados pela
oposição. O inevitável embate entre candidatos lulistas e bolsonaristas em
municípios importantes amplia a relevância dessas disputas no caso de Lula.
A blitz do presidente nas últimas semanas
indica os terrenos em que ele pretende não apenas ajudar aliados, mas também
reforçar seu próprio governo. Além dos sempre disputados territórios de Minas,
o petista anunciou obras em capitais como Rio, Recife e São Paulo, além de um
cinturão de outras cidades paulistas.
O discurso que Lula levou aos palanques, em
modo campanha, também dá uma pista de seu esforço para tentar quebrar barreiras
de popularidade neste terceiro mandato. Em praticamente todos os eventos, o
presidente disparou uma mensagem direcionada especificamente à população de
baixa renda. "Eu não sou o pai dos pobres, eu sou um pobre que chegou à
Presidência", disse, mais de uma vez.
É verdade.
ResponderExcluir