O Globo
Partido de Marine chegou ao limiar do poder,
acabando barrado no turno final
Nos dois lados do Atlântico Norte, a direita
tradicional experimenta crises profundas. A interpretação habitual coloca
ênfase na ascensão de partidos da extrema direita. Mas a tendência principal é
outra: a ocupação do espaço eleitoral da direita democrática e conservadora por
uma “nova direita” organizada ao redor do nacionalismo.
O fenômeno manifesta-se nos Estados Unidos pela conversão do Partido Republicano num “partido de Trump”. Desde 2016, o movimento Make America Great Again (MAGA) tomou de assalto a antiga fortaleza republicana. O instrumento da conquista foi o sistema de primárias, pelo qual uma base militante minoritária tem a prerrogativa de selecionar as candidaturas às eleições gerais.
Trump nunca alcançou o apoio da maioria dos
eleitores. Elegeu-se, oito anos atrás, graças ao mecanismo do Colégio
Eleitoral, depois de obter 3 milhões de votos menos que Hillary Clinton. Perdeu
para Biden, em 2020, por margem de 7 milhões de votos. Mas, na moldura do
sistema bipartidário, o controle do Partido Republicano eleva o chefe do MAGA,
um insurrecionista que incitou a invasão do Capitólio, à condição de
pretendente viável à Casa Branca.
O MAGA deve ser classificado como extremista,
pois ergue-se contra as instituições democráticas dos Estados Unidos. O
adjetivo, porém, já não se aplica ao Reunião Nacional (RN), que se consolidou
como um dos grandes partidos da França.
O partido nasceu em 1972, como Frente
Nacional (FN), fundado por Jean-Marie Le Pen, que fez seu caminho na política a
partir de grupos nostálgicos da França de Vichy, o regime colaboracionista
instalado na parte não ocupada do país durante a Segunda Guerra Mundial. Mas
sua filha Marine tomou o controle do FN em 2011 e, ao longo dos anos, expulsou
o fundador, expeliu as correntes extremistas e sanitizou a plataforma
partidária.
Marine vetou o antissemitismo e abandonou o
projeto de Frexit, retirada francesa da União Europeia. Numa tentativa de
apagar a memória de seus efusivos elogios a Putin, condenou a invasão russa da
Ucrânia. Crucialmente, trocou a referência a Vichy pela reverência ao general
De Gaulle, líder da resistência antinazista.
A marcha da direita extremista à direita
nacionalista destinava-se a capturar a base social da centro-direita histórica,
que tinha sua coluna vertebral no partido gaullista. A estratégia funcionou: o
eleitorado da direita tradicional moveu-se rumo ao RN. É por esse motivo que o
partido de Marine chegou ao limiar do poder, acabando barrado no turno final.
A culpa é dos imigrantes — eis o mantra
compartilhado pela direita dura, nas suas versões mais ou menos extremas. Nos
Estados Unidos, Trump promete mobilizar as Forças Armadas para deportar milhões
de imigrantes. Na França, o RN desistiu das deportações em massa, sem renunciar
a suas marcas distintivas: xenofobia e islamofobia. Hoje seu compromisso
central é cancelar o “direito do solo”, princípio criado pela Revolução
Francesa que assegura nacionalidade a todos os nascidos em território francês.
O caso da França não é único. Lá perto, em
velocidade maior, Giorgia
Meloni reinventa o Irmãos da Itália, uma corrente de origem
neofascista, como partido da direita nacionalista, numa operação ainda
incompleta. A metamorfose atraiu o eleitorado da direita tradicional,
proporcionando-lhe a liderança da coalizão que triunfou nas últimas eleições
gerais.
Na outra margem do Canal da Mancha, uma
tempestade diferente assola a direita. O Partido Conservador britânico,
massacrado pelos trabalhistas, experimenta a defecção de parte de seu
eleitorado para o novo partido criado por Nigel Farage. O Reform UK ancora sua
plataforma numa xenofobia histérica, de fundo racista, e abriga chusmas de
militantes oriundos do neonazista BNP. Por isso, e apesar de uma votação
surpreendente, está circunscrito a um gueto social e político.
A extrema direita, fascista ou neonazista,
não bate às portas do poder na Europa. Do ponto de vista dos direitos humanos e
da coesão das democracias ocidentais, o perigo verdadeiro encontra-se na
metamorfose que gera partidos da direita nacionalista capazes de vencer
eleições.
O colunista diz (29/6) que o partido de Marine não é extrema direita, porque seu programa não defende os princípios desta.
ResponderExcluirTambém deve achar que Bolsonaro não é extrema direita, pois seu programa defende a democracia e o ex-presidente sempre disse que respeitaria a Constituição. O colunista também deve acreditar que, pra Bolsonaro, a Verdade é mesmo fundamental, pois vivia repetindo: "conhecereis a verdade e ela vos libertará".
Comédia, Anônimo.
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Os ventos da direita sopram inexorávelmente mundo afora
ResponderExcluirSoprou na Europa com o crescimento muito expressivo no parlamento europeu , está chegando com força nos Estados Unidos com Trump disparado nas pesquisas e na sequência chegará aqui no Brasil pra tirar essa quadrilha de criminosos do PT condenados por corrupção pela lava jato ( Lula , Zé Dirceu, João Vaccari e muitos outros )e liberados num conluio com juízes do STF nomeados pelo próprio PT
" A extrema direita, fascista ou neonazista, não bate às portas do poder na Europa. Do ponto de vista dos direitos humanos e da coesão das democracias ocidentais, o perigo verdadeiro encontra-se na metamorfose que gera partidos da direita nacionalista capazes de vencer eleições. "
ResponderExcluirPerfeito !
Anônimo 1 é imbecil à esquerda; o 2, à direita. Sergio foi frouxo e preferiu um monte de kkkkkkkk.
ResponderExcluirO texto é perfeito. Somente os "guga chacra" não entendem...
MAM
O Marcos é um comentarista de MAM
ResponderExcluirNão tem opinião, em cima da sua ignorância julga os outros
Muito bom e esclarecedor o artigo!
ResponderExcluirAnônimo é 1 ou 2? Não importa, pois além de imbecil é frouxo. MAM
ResponderExcluirOs otimistas e céticos não sabem o que os espera
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