Folha de S. Paulo
Governadores evitam atos federais para não
colocar azeitona na empada de Lula
O chamamento à guerra foi feito pelo
presidente Lula quando
estabeleceu ligação direta entre as eleições de
2024 e 2026. As municipais serão um ensaio para as presidenciais, disse ele,
contrariando a escrita dos inúmeros exemplos de que uma disputa não tem nada a
ver com a outra.
A história mostra. Para citar apenas um,
o PT foi
um fiasco na disputa de 2020 e retomou a Presidência em 2022.
Desta vez, há de reconhecer, pode ser diferente. Não no cenário dos mais de 5.000 municípios, mas nas principais cidades e capitais.
Nelas, os adversários responderam de pronto à
chamada e se armaram para a batalha na dinâmica de prévias. Verdade que a
cigana não enganou ninguém.
Os partidos do centrão incorporados ao
ministério em meados de 2023 sempre deixaram claro que uma coisa eram os
assentos na Esplanada, outra bem diferente são os palanques país afora.
Entraram no governo para garantir visibilidade e acesso à máquina do Estado.
Habitualmente é assim. E seria de novo, não
fosse pelo caráter plebiscitário das disputas de outubro, evidenciada no
esforço dos campos de Lula e Bolsonaro para forçar a nacionalização do pleito.
Em decorrência, governadores oposicionistas
já apresentam suas postulações à Presidência e evitam comparecer a atos de
"entregas" federais a fim de não fornecer azeitonas à empada de Lula.
Partidos formalmente integrantes da base
governista se aliam a adversários do PT em boa parte das disputas municipais,
na tentativa de tornar ainda mais desfavorável ao Planalto a correlação de
forças na cena nacional.
Caso consigam, haverá um reposicionamento
deles em 2025 com vista a 2026. E o que fará Lula? Demitirá os ministros? Se
demitir, piora a situação no Congresso. Se não, conviverá em casa com a sombra
de potenciais quintas-colunas.
O lance da antecipação pode não ter sido tão esperto quanto imaginou o presidente.
Pode ser.
ResponderExcluirLula precisa esquecer que Bolsonaro existe.
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