Folha de S. Paulo
Avaliação do legado do atual presidente dos
EUA depende do que acontecerá em novembro
Como Joe Biden entrará para a história? Depende do que acontecerá em novembro. Se os democratas vencerem o pleito presidencial, com Kamala Harris ou outro candidato, Biden estará consagrado. O que se dirá é que, além de ter sido um dos melhores presidentes americanos das últimas décadas —uma tese objetivamente defensável—, ele teve a grandeza e o desprendimento de renunciar à candidatura quando ficou claro que teria dificuldades para derrotar Donald Trump. Já apareceram editoriais com esse teor.
Na hipótese, porém, de o postulante democrata
ser derrotado, o julgamento da história poderá não ser tão favorável. Nós, que
assistimos a tudo ao vivo, sabemos que o processo de desistência, embora possa
encerrar alguma dose de altruísmo, foi arrancado a fórceps. Biden resistiu o
quanto pôde, postergando por semanas a definição de seu substituto. No cenário
de vitória democrata, esses detalhes serão rapidamente esquecidos, mas, se
Trump triunfar, não faltarão vozes no próprio Partido
Democrata atribuindo a derrota ao atraso na troca de candidato,
um reflexo da teimosia e da vaidade de Biden. Narrativas podem ser cruéis.
Outro problema para o legado de Biden é que,
no caso de vitória de Trump, algumas de suas realizações na Presidência poderão
ser revertidas. Um bom exemplo são os avanços na transição energética, uma
pauta a que o republicano se opõe e certamente tentaria solapar. Num mundo
justo, retrocessos ambientais patrocinados por Trump contariam apenas como ônus
do republicano, mas essa é uma seara em que nossas percepções dependem muito do
resultado final. Se Trump sair mais uma vez do Acordo de Paris e encher os EUA
de usinas a carvão, será como se Biden não tivesse feito nada.
Há algo de paradoxal aí. Em termos
estritamente lógicos, juízos valorativos de ações pretéritas de um presidente
não deveriam depender do futuro, mas vivemos num mundo que não é assim tão
lógico.
Hélio Schwartsman tem hora que é um piadista incurável
ResponderExcluirPois é.
ResponderExcluirNum mundo lógico, Trump não seria milionário e nem ex-presidente, e teria sido julgado e preso quando deu os primeiros golpes no mercado, sonegou os primeiros impostos e disse as primeiras mentiras. Como ele deve mentir desde os tempos de estudante, talvez nem tivesse saído dos primeiros anos de escola.
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