Folha de S. Paulo
Vai se configurando cenário em que Bolsonaro
responderá por crimes menores, mas poderá escapar de acusações por tentativa de
golpe e falhas na gestão da pandemia
De tempos em tempos, surgem notícias
detalhando malfeitorias e atitudes antirrepublicanas dos Bolsonaros. Acho ótimo
que essas coisas sejam divulgadas. O povo precisa de circo, e é sempre bom
conhecer os caminhos dos descaminhos da política.
Também fico feliz com o fato de Jair
Bolsonaro ter tido sua inelegibilidade
decretada pelo TSE, o que nos poupa de um cenário semelhante ao da
volta de Trump nos EUA, e de ele ter sido indiciado pela PF no âmbito das investigações
sobre a venda de joias e a falsificação
de certificados de vacinação. Ao contrário da Suprema Corte dos EUA,
creio que imunidades presidenciais devem ser bem restritas e não se aplicam a
situações de obtenção de vantagem pessoal.
Receio, porém, que estejamos
caminhando para um cenário Al Capone, o gângster de Chicago que,
dadas as dificuldades para provar seu envolvimento em assassinatos, acabou
preso por evasão fiscal. Os casos das joias e das vacinas são café pequeno
perto de dois outros em que o ex-presidente pode estar metido, o da tentativa de
golpe e o da gestão da
pandemia.
O do golpe até poderá virar processo, embora a lentidão das investigações
preocupe. Já o da
pandemia, ao que tudo indica, está fadado ao arquivo, o que me
parece especialmente grave. Deixar de responsabilizar um governante que se
recusou a seguir o consenso científico numa emergência sanitária que deixou
centenas de milhares de mortos significa dizer que líderes são livres para
escolher qualquer política em qualquer situação. Não penso que seja assim que
um Estado contemporâneo deve funcionar.
Aceitar um cargo de presidente deveria implicar um compromisso com fatos e
abordagens racionais para problemas.
Como com Al
Capone, é preferível condenar um criminoso por delitos menores a
deixá-lo livre. Mas o ideal mesmo seria condenar pelos crimes mais graves e
estabelecer os limites da autoridade presidencial. Não vai acontecer.
Muito bom! As posições de Bolsonaro na pandemia e sua gestão do Ministério da Saúde através do general Pazuello ("um manda, outro obedece") foram claramente criminosas. Até hoje ele e seus cúmplices se posicionam contra vacinas e desinformam o povo sobre várias outras questões de saúde pública. Nem a OMS era respeitada, e as recomendações dela ACATADAS NO MUNDO TODO eram rejeitadas pelo governo federal. Bolsonaro é um canalha assassino, tinha poder e responsabilidade, mas preferiu seguir seu instinto irracional e contrariar as medidas científicas adotadas por todos os outros países. Resultado: com 2,7% da população mundial, o Brasil teve mais de 10% dos mortos pela pandemia. Mas é importante lembrar que vários médicos incompetentes e/ou canalhas apoiaram as loucuras de Bolsonaro.
ResponderExcluirBolsonaro fez campanha até contra máscara.
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