Visualizo cinco grandes vetores que travam
a economia brasileira.
Primeiro, a qualidade da educação e a
capacidade de inovação, os problemas dos sistemas educacional e de ciência
tecnologia, inovação. O capital humano. Os dois fatores concorrem gravemente
para a baixa produtividade brasileira. Como, com este desempenho pífio nas
avaliações de desempenho escolar, nossas crianças e jovens vão lidar com
inteligência artificial, tecnologias da informação, robótica, engenharia
genética, física quântica etc. Temos exemplos positivos no Ceará e em Teresina,
que mostram que a questão não é só dinheiro. Na inovação, não temos nenhum
defeito genético como Nação para encarar o desafio. Basta citar os exemplos
exitosos da EMBRAPA com o agronegócio e do ITA com a EMBRAER.
Em segundo vem o ambiente institucional e de
negócios. Somos useiros e vezeiros em quebrar contratos, mudar a regra do jogo
no meio do jogo, reinventar a roda em termos regulatórios, abusar da
judicialização, semear insegurança jurídica. O empreendedor-investidor no
capitalismo precisa de previsibilidade, confiança no futuro e nas instituições,
leis, normas e regulamentos estáveis, horizonte de médio e longo prazos.
Em terceiro lugar, a baixa taxa de
investimento (FBKF) público e privado. O crescimento econômico a longo prazo é
sustentado pelo investimento, não pelo consumo. Consumo em alta com
investimento em baixa resulta em inflação. Nossa Formação Bruta de Capital Fixo
atingiu os menores patamares de nossa história recentemente, entre 14% e 18% do
PIB. Isto mal dá para repor máquinas, equipamentos, infraestrutura e
instalações existentes. Enquanto isto, os países emergentes investem 25%, 30%
ou até 40% (China).
Em quarto lugar, o chamado Custo Brasil,
que torna nossos produtos e serviços mais caros e a economia menos competitiva.
Isso tem a ver com a infraestrutura logística, com o excesso de burocracia, com
os juros altíssimos e com o “manicômio tributário” existente. Em boa hora o
Congresso Nacional aprovou a reforma dos tributos do consumo, atacando um dos
gargalos.
Por último, o fechamento da economia. Temos
uma das economias mais fechadas do mundo, refletida na baixa proporção entre
comércio exterior e PIB, o que encarece as importações inclusive de máquinas,
equipamentos e soluções tecnológicas. Os doze países citados, que entraram no
mundo desenvolvido, o fizeram se integrando às grandes cadeias produtivas
globais.
Como se vê, temos muito trabalho pela frente.
Dos 12 países que entraram no clube, 11 são minúsculos em termos de área e população. Apenas a Austrália é pouco menor que o Brasil em tamanho, mas muito, muito menor em população (8 vezes menor)! É mais fácil fazer esta entrada como sócio pequeno do que como grande sócio... A China e a Índia até estão tentando também, mas as dificuldades são imensas, como o tamanho dos países e das suas populações.
ResponderExcluirTexto interessante. Sim, muito trabalho pela frente! O governo federal tentando fazer seu trabalho, e os neoliberais, bolsonaristas, colunistas mercadófilos e outros defensores da "liberdade individual" criticando ou impedindo as ações governamentais, algumas realmente problemáticas, mas outras necessárias e indispensáveis, como os investimentos públicos hoje reconhecidos pelo próprio colunista.
ResponderExcluirSó nos resta trabalhar certo, vamo que vamo sem Bolsonaro e sem Lula, que já eram
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