Folha de S. Paulo
Gesto brasileiro por reunião com opositora de
Maduro formaria um anel de proteção
Inutilmente, Lula exibiu-se como mediador
ideal na Ucrânia e no Oriente Médio, esferas fora do alcance da política
externa brasileira. A prova de fogo chegou na Venezuela,
desenrolando-se como espetáculo humilhante: em Caracas, junto com a esperança
de transição democrática, enterra-se a credibilidade da palavra do Brasil.
Celso Amorim fala como enviado diplomático de Maduro ao mundo democrático. "A oposição coloca dúvidas, mas não consegue provar o contrário." Falso: a oposição publicou as atas de votação escondidas pelo ditador —e a autenticidade delas foi confirmada por especialistas independentes.
Diante disso, EUA, Argentina, Uruguai, Peru,
Equador e Costa Rica reconheceram o triunfo de Urrutia. Boric chegou perto da
conclusão factual, declarando que "o Chile não reconhece a vitória
autoproclamada de Maduro". Na direção contrária, o Brasil articulou
com México e
Colômbia um bloco negacionista que, simulando cautela, oferece à ditadura o
intervalo indispensável para consolidar a fraude por meio da repressão
generalizada.
Circula, nas chancelarias, o desenho de uma
solução negociada: a formação de um governo provisório de união nacional com a
missão de promover novas eleições. A ideia inspira-se no precedente da Polônia,
em 1989, cuja transição começou com a derrota eleitoral do regime autoritário.
No governo unitário venezuelano, o chavismo controlaria os ministérios da
segurança, enquanto a oposição teria as pastas econômicas. Uma anistia ampla e
a criação de instituições eleitorais imparciais preparariam o terreno para eleições
gerais livres.
A solução não é justa, pois o povo já votou,
mas é realista. Sem a força das armas, a oposição teria que aceitá-la. Mas a
chance de impor à ditadura uma saída negociada depende da intensidade das
pressões diplomáticas —e, em especial, da rejeição regional à autoproclamada
vitória de Maduro.
Regimes ditatoriais começam a desabar quando
sofrem fraturas internas. A aposta na pressão diplomática, combinada com
garantias de impunidade à máfia chavista, oferece oportunidade a potenciais
dissidentes. É precisamente para sabotá-la que o governo brasileiro costurou o
bloco tripartite da protelação. Maduro precisa mais do amparo sinuoso do Brasil
que do apoio efusivo de Cuba ou da Nicarágua.
O fracasso diplomático estende-se às
obrigações mínimas. O Brasil foi um dos fiadores do Acordo de Barbados.
Calou-se, repetidamente, frente às violações sistemáticas do compromisso de
eleições democráticas. Hoje, avança um pouco mais na via da desonra, virando as
costas à selvagem repressão desencadeada contra os oposicionistas vitoriosos no
voto popular.
Amorim justificou a resistência brasileira a
condenar a fraude alertando para a iminência de um "conflito muito
grave", quase uma "guerra civil", que seria caso único de guerra
entre uma ditadura armada e uma oposição desarmada. Antes, em entrevista a um
jornalista beija-mão, enquanto o regime encarcerava opositores em massa, o
mesmo Amorim exprimiu sua "preocupação" com "a hipótese de
perseguição aos chavistas caso a oposição chegue ao poder". Entre uma
entrevista e outra, esclareceu que o Brasil dialoga com todos os lados —exceto,
apenas, com María Corina
Machado.
A ditadura acusa a oposição do crime de
lesa-pátria de divulgação das atas eleitorais autênticas, que pela lei
venezuelana são documentos públicos, qualificando-as como "forjadas".
Nada pode impedir a prisão de Corina Machado, mas o gesto brasileiro de enviar
um representante de alto nível para reunir-se com ela, sob a luz das câmeras,
formaria um anel de proteção. O Brasil, porém, prefere deixá-la exposta.
Na avenida central de Caracas, evolui o cortejo fúnebre das expectativas de
transição democrática. Maduro segura uma das alças do caixão. Brasil, México e
Colômbia sustentam as outras três.
Um dos poucos colunistas que falou toda a verdade, Brasil hoje protege o genocida psicopata Maduro, e Lula será cobrado por isso, enquanto a extrema imprensa passará pano.....
ResponderExcluirO Lula seria impossível ir contra maduro, ele apoiou e sustentou chaves com dinheiro brasileiro e foi dar o seu apoio em todas as eleições de Chaves e Maduro
ResponderExcluirLula com Chaves e Fidel Castro Fundaram o furo de São Paulo que visa instalar o socialismo na América Latina Colocando em risco a democracia no continente
O que esperar de um homem desse que além de tudo foi preso e condenado há mais de 20 anos de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro ?
E a imprensa e a justiça vergonhosamente passando pano
Exatamente!
ResponderExcluirMagnoli é tão mentiroso quanto Maduro: enquanto o último esconde as atas de votação e se proclama vencedor, o primeiro afirma que as atas mostradas pela Oposição comprovariam o contrário, e as aceita como verdadeiras, escorado em DESCONHECIDOS "especialistas independentes". Na verdade, Magnoli apenas repete o discurso do governo dos EUA, que também não tem qualquer comprovação real e segura sobre TODAS as atas da eleição. Enquanto TODAS as atas não forem apresentadas e analisadas, não há como saber quem venceu a eleição. Cada lado apresenta suas VERSÕES, e o colunista apenas escolheu a da Oposição, por ser ideologicamente mais interessante pra ele.
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