O Estado de S. Paulo
De fato, como observaram muitos, é rara a
possibilidade de uma ditadura se afastar por meio de eleições livres
Aliados brasileiros de Nicolás Maduro acham
que a Venezuela tem eleições até demais. O problema é que nestes 25 anos o
chavismo perde terreno e não se pode falar de eleição limpa: há fraudes demais.
Na noite anterior ao domingo de 28/7, os mais
ansiosos nem dormiram. Queriam estar cedo nas urnas para derrotar Maduro. Era a
maior chance que a oposição já teve.
Foram eleições deformadas, mas ainda assim
competitivas. Maduro impediu que a oposição tivesse a candidata que escolheu,
María Corina Machado. Ao longo desse processo, prendeu um oposicionista a cada
três dias.
O acordo celebrado em Barbados com a
participação do Brasil não foi cumprido. Estados Unidos e União Europeia
perceberam que Maduro trapaceava.
De fato, como observaram muitos, é rara a possibilidade de uma ditadura se afastar por meio de eleições livres.
Maduro bloqueou a possibilidade de
participação de observadores europeus. São os mais experientes do planeta,
costumam empregar 120 pessoas e realizar um trabalho rigoroso. Expulsou da
Venezuela alguns deputados independentes que queriam acompanhar o processo. E,
finalmente, impediu a entrada no país de quatro ex-presidentes
latino-americanos: Mireya Moscoso (Panamá), Miguel Ángel (Costa Rica), Jorge
Quiroga (Bolívia) e Vicente Fox (México).
Quem acompanhou o passo a passo das eleições
de domingo encontrou poucos incidentes, sobretudo alguns casos de voto
assistido, como o de estudantes forçados a votar em Maduro. O problema central
surgiu logo após o término das eleições. Os delegados da oposição foram
impedidos de acompanhar as apurações. Nesse momento, creio, o acordo de
Barbados foi totalmente para o espaço. A lei garante a presença de opositores
pois o processo precisa de transparência.
O governo brasileiro se fez representar pelo
ex-ministro Celso Amorim. Mas ele não comentou esse incidente, que foi decisivo
para que se articulasse a fraude.
De madrugada, o Conselho Nacional Eleitoral,
presidido por Elvis Amoroso, amigo de Maduro, proclama a vitória de forma
patética. Segundo ele, a diferença em favor de Maduro era de um pouco mais de
700 mil votos e faltavam 2,3 milhões para serem apurados. Os matemáticos
contestaram a visão de irreversibilidade de Amoroso.
O que se seguiu a partir dessa farsa foi uma
previsível coreografia internacional. Os amigos de sempre – governos
autoritários, como Rússia, China, Irã e Síria – reconheceram a suposta vitória
de Maduro. Mas os outros não. Com nuances, todos querem conhecer as atas, mesmo
porque a oposição afirma que ganhou com pouco mais de 70% dos votos.
As nuances são importantes para localizar o
Brasil, o grande fiador dessas eleições, que se coloca agora numa posição
delicada. Países como o Chile e o Uruguai pedem transparência, mas duvidam
abertamente da vitória de Maduro. O Brasil se limita a pedir a publicação das
atas eleitorais. E Lula da Silva afirma que não houve nada de grave.
Se a ideia inicial era a de legitimar Maduro
por meio das eleições, para grande parte do mundo o processo apenas realçou seu
viés autoritário. O isolamento de Maduro ficou mais dramático, sobretudo agora,
que pediu a retirada de diplomatas de sete países latinoamericanos. O Panamá,
por exemplo, já suspendeu as relações com a Venezuela.
O período que se inicia é de grande tensão.
Os opositores vão tentar valer o que consideram uma ampla vitória sobre a
ditadura. Ao mesmo tempo, o regime se prepara para reprimir, prender e, se
possível, retirar de cena a grande líder da oposição, María Corina Machado.
Os venezuelanos que contavam com a volta dos
8 milhões de compatriotas que se foram no período ditatorial estão frustrados.
A juventude que votou na oposição para não ter de sair do país possivelmente
tomará o caminho do exílio.
O êxodo maciço dos venezuelanos se reflete
até nas eleições norte-americanas, pois Donald Trump costuma atacar a presença
deles nos EUA. Colômbia e Brasil já receberam grande parte desses refugiados.
Isso aconteceu num momento em que os governos dos dois países eram adversários
de Maduro. Mas, de qualquer forma, caso a Venezuela mergulhe mais na ditadura
e, sobretudo, na pobreza, no colapso dos serviços públicos e na corrupção, a
tendência é de que escapem pelas fronteiras.
A posição de romper com a Venezuela não
resolve. Apoiar o regime de Maduro, por outro lado, não expressa o consenso
nacional, apesar de o PT ter divulgado nota reconhecendo uma eleição
misteriosa, talvez por ter recebido as atas eleitorais por telepatia.
Continuaremos tendo questões comuns que não
se resumem aos 300 mil refugiados, mas à compra de eletricidade, proteção da
Amazônia e dos yanomamis, o monumento turístico que é o Monte Roraima – enfim,
é preciso pragmaticamente tratar de tudo isso, sem comprometer a defesa da
democracia, sepultada pelo regime de Maduro.
Se o governo, como o PT, for além do pragmatismo e defender a existência de um regime democrático onde ele escandalosamente não existe, entrará em conflito com o consenso nacional e se transformará em mais um dinossauro no continente.
ResponderExcluirLula agora está num beco sem saída não pode desagradar o seu amigo e parceiro o ditador Nicolás Maduro mas ao mesmo tempo os Estados Unidos reconhece a vitória da oposição e não vai deixar barato esse escândalo que foi as eleições fraudadas na Venezuela
Tanto Lula quanto PT já avalizaram o processo como normal e democrático na contramão do que a comunidade internacional está vendo com exceção de Cuba China e Rússia ditadura totalitárias
Uma eleição fraudada manipulada em que oposição foi cerceada perseguida e presa gerou revolta popular imensa e os e o povo reagiu , agora com os resultados o povo na rua, o exército e a polícia estão matando os manifestantes e prendendo mais de 1000
Os Dias do ditador Nicolás Maduro estão contados , os Estados Unidos vão entrar de sola exigindo a posse do vitorioso da oposição nas eleições
Isso tudo vai mostrar mais uma vez a face verdadeira de Lula, do PT e de toda essa esquerda autoritária e hipocrita
Verdade.
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