Folha de S. Paulo
Candidato sobe em pesquisa com estratégia
agressiva e extravagante que atrai bolsonarismo raiz
Não olhe para cima: o candidato Pablo
Marçal (PRTB) disparou e está tecnicamente empatado com Guilherme
Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB)
nas intenções de voto para a prefeitura da cidade de São Paulo, de acordo com
a mais recente
pesquisa Datafolha. Ele chegou a 21%, no mesmo patamar do
deputado do PSOL, que oscilou de 22% para 23%, e do prefeito, que foi de 23%
para 19%. Numericamente, porém, deixou Nunes para trás.
O autodenominado ex-coach é um exemplo do que há de mais repulsivo no contágio da política pela bizarrice do populismo de extrema direita. Marçal é um padre Kelmon mais perigoso, uma trollagem bolsonarista que tem, por isso mesmo, atraído o apoio do rebanho do "capitão" –como ele se refere ao ex-presidente.
Uma espécie de Milei do cerrado brasileiro,
caricatura do inconformado antissistema, Marçal se aproveita do perfil
burocrático e tradicional de Ricardo Nunes, que tem o apoio formal de
Bolsonaro, para se apresentar como um representante raiz do bolsonarismo.
Ignora e ataca as estratégias menos
extravagantes do prefeito e do bolsonarista Tarcísio de
Freitas (Republicanos), em sua versão
engravatada de governador de São Paulo. Não poupa tampouco o
próprio ex-presidente pelo apoio a seu ver equivocado a Nunes —e já armou um
barraco com o filho Carlos Bolsonaro. Será que a pesquisa pode mudar essas
relações?
Marçal leva à risca o receituário do
populismo fascistoide de nossos tempos, cujo exemplo emblemático é Donald
Trump: o caminho é caluniar e mentir. Se seu nariz crescesse a cada vez que
faltasse com a verdade, já não caberia num palco de debate.
Para Marçal todo mundo é comunista, Nunes,
Boulos, Tabata. O prefeito, além de tudo, seria um comuna "banana".
Já o candidato do PSOL é acusado reiteradamente de ser usuário de cocaína, numa
campanha sórdida que tem desafiado a própria atuação da Justiça. O candidato
não parece preocupado com eventuais reprimendas de tribunais —ele que tem
passado nebuloso, com condenação e atividades por esclarecer.
Estúpido, agressivo, espalhafatoso, Marçal
faz lembrar o livro clássico "A Comunicação do Grotesco", de Muniz Sodré.
À época, o professor se referia ao universo de programas de TV que exploravam a
estética do grotesco para atrair audiência. Continua valendo, com alguma
adaptação, para o mundo da comunicação digital.
A professora Yasmin Curzi,
da FGV Direito Rio, referiu-se à campanha como "apocalíptica",
contra tudo e contra todos. Não haverá um limite para essa atuação entrópica?
Será possível que a degradação do debate público tenha nos condenado a patamar
tão baixo de campanha eleitoral?
Sugeriria o bom senso e a razão (a essa
altura espancados pelos fatos) que apesar do crescimento ruidoso, Marçal não
teria condições de vencer ou chegar ao segundo turno das eleições. Agora já não
se pode contar com isso. Ele tornou-se o bolsonarismo na disputa paulistana,
mesmo que sem Bolsonaro. Não é improvável que venha a polarizar com Boulos,
deixando Nunes fora do combate.
Em perspectiva histórica, o personagem mais
extravagante que já ocupou a prefeitura paulistana foi, provavelmente, Jânio
Quadros, um ícone do velho populismo de direita, a quem, aliás, conheci e por
quem fui, com muita satisfação, processado. Perto de Marçal, Jânio era um
sujeito equilibrado.
Tanta assombro com o candidato Pablo Marçal e Nenhuma estranheza com Boulos, um ex invasor de terra , preso já três vezes por essas práticas de invadir edifícios e apartamentos sem o menor respeito com a lei, e muitas vezes usufruindo vantagens de pessoas inocentes e carentes nunca fez nada de bom pra cidade de São Paulo
ResponderExcluirEsse sim é um candidato que ameaça a vida de São Paulo e não uma pessoa próspera que sabe administrar , que tem amor a Deus e a família
A esquerda é cega e burra em apoiar um candidato desse, é lógico que o Lula está fechado com o Boulos, tudo farinha do mesmo saco
Não adianta, é só alguém ameaçar o sistema vigente, que seus comparsas da extrema imprensa ja tira da cartola as palavras extrema direita, fascista, mentirosos e por aí vai, será que eles não se tocam que a população está percebendo a narrativa????
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