O Globo
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda destaca que a projeção do crescimento está sendo recalculada pela pasta, e que acredita que o PIB deste ano terá o mesmo desempenho de 2023
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse que o país pode ter este ano uma taxa de crescimento do PIB próxima a do ano passado. “A gente tem dois anos, 2023 e 2024, com crescimento muito próximo de 3%”. Sobre a possibilidade de aumento da taxa de juros, ele disse que não comentaria porque não lhe compete, mas acrescentou que o “Banco Central tem que fazer seu trabalho para atingir a meta de inflação definida pelo governo e agora com o mecanismo de meta contínua”. Na entrevista, abordei com Durigan as especulações de que iria presidir a Vale e sobre a regulação das plataformas digitais, porque ele foi diretor do WhatsApp.
Durigan destaca que a projeção do crescimento
está sendo recalculada tecnicamente pelo secretário de Política Econômica,
Guilherme Mello. Atualmente, a estimativa é de 2,5%. No começo do ano, as
projeções dos bancos giravam em torno de 1,5%, mas isso já foi revisto e
algumas instituições apostam em 2,5%. Só que indicadores recentes, como o dado
dos serviços, vieram melhores do que o esperado. Por isso, alguns agentes do
mercado refizeram suas projeções e agora têm números superiores a 2,5%. É neste
contexto que ele coloca a possibilidade de repetir o desempenho do ano passado,
que foi de 2,9%.
— Não é o que o ministro Haddad gostaria, a
gente gostaria de mais, mas é bom, dado o cenário que herdamos e a realidade
dos últimos anos. Os últimos dez anos da nossa política, da nossa economia
foram muito difíceis.
Perguntei se a inflação tem preocupado a
equipe econômica ao atingir 4,5% no acumulado de 12 meses. Dario Durigan disse
que ao comparar todos os governos desde a estabilização, o governo Lula 3 é o
que apresenta a menor média de inflação. Mesmo assim ele admite que há
problemas.
—Há uma pressão inflacionária, vimos o câmbio
subir nos últimos tempos e isso, claro, nos preocupa, até porque a inflação
prejudica a vida das pessoas. Quando definimos a meta de inflação contínua em
3%, previmos que a revisão dessa meta fosse feita a cada 36 meses. O que nós
estamos dizendo é que a meta de inflação até o fim do mandato do presidente
Lula é de 3%.
Quis saber do secretário se esta taxa de
inflação seria atingida mesmo que implicasse em elevar taxas de juros.
— Não vou falar de aumento ou não porque isso
não me compete, mas o Banco Central tem a sua atribuição, a competência, os
diretores têm tratado sobre esse tema com muita responsabilidade, e é isso que
precisa ter, uma visão institucional cumprindo as metas fixadas, dando
estabilidade para a economia e previsibilidade para os agentes.
O atual número 2 da Fazenda apareceu numa
lista de pessoas que podem vir a ocupar a presidência da Vale. Perguntei sobre
isso, na entrevista que ele me concedeu na GloboNews.
— Fui procurado pelo mercado para tratar
desse tema e eu sempre disse que me parecia complicado por eu ser uma figura do
governo. Sempre esclareci que não se tratava de uma candidatura do governo.
Pessoas próximas à empresa me procuraram e eu disse que não achava boa ideia,
mas que se fosse para construir um consenso, algo maior… mas não posso virar
candidato enquanto figura do governo.
Antes de ir para a pasta, Durigan foi diretor
de políticas públicas do WhatsApp. Ele disse que, quando estava lá, ouvia muito
de colegas no exterior a pergunta sobre como o Brasil conseguia trabalhar com
tanto conflito na economia e na política. Por isso, avalia que o mais
importante agora é construir relações menos belicosas entre as instituições e o
governo federal com as empresas de tecnologia.
—As empresas têm um papel a desempenhar junto
com as autoridades brasileiras. O meu trabalho enquanto diretor do WhatsApp foi
aproximar a lógica de uma empresa que trabalha com um produto global da visão
da democracia brasileira, do Estado brasileiro, das regras brasileiras. O que
me parece é que aqui a gente precisa valorizar mais as instituições.
A agenda do Ministério da Fazenda está
lotada. Ontem mesmo, o secretário estava no meio da negociação da dívida dos
estados e das medidas de compensação das desonerações. O que Dario Durigan
garante é que as metas fiscais serão cumpridas. “Eu tenho muita convicção de
que nós vamos cumprir o arcabouço, e bem”.
Tomara!
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