O Globo
Em entrevista a um podcast, Pablo Marçal
afirmou: “No processo eleitoral, me perdoe, você tem que ser um idiota.
Infelizmente, a nossa mentalidade gosta disso. E, por ser um povo que gosta
disso, eu preciso produzir isso. Preciso ter um comportamento que chame a
atenção”.
À primeira vista, a fala pode parecer um
pedido de desculpas. Na verdade, é só cinismo e gabolice. Ao se vangloriar do
desempenho nas pesquisas, Marçal expôs sua visão da política. Para o coach,
idiotas são os outros: os eleitores que se encantam com tipos como ele.
O candidato a prefeito de São Paulo gravou o podcast na quarta-feira passada. Em seguida, voltou a fazer as idiotices que o notabilizaram. No domingo, tumultuou um debate de TV e irritou os adversários com insultos e apelidos infantis. Na segunda, interrompeu uma entrevista ao vivo para cantar um rap dos Racionais.
Marçal fez fama e fortuna nas redes sociais.
Domina os atalhos do algoritmo, que incentiva os chamados criadores de conteúdo
a se comportarem como patetas. Na política, a lógica dos likes também premia o
discurso de ódio, a desinformação e o messianismo. Desse caldo emergiu o
candidato do PRTB, que apareceu com 21% no último Datafolha.
Antes de se aventurar na selva partidária, o
coach já havia mostrado seu talento para arrebanhar incautos. Em 2022,
convenceu alunos de um curso motivacional a arriscarem a vida no Pico dos
Marins, na Serra da Mantiqueira. Liderou uma escalada sem guias e sem
equipamentos de segurança, sob chuva forte e ventos de velocidade superior a
100 km/h.
Quando a tempestade apertou, os bombeiros
foram acionados para resgatar 32 pessoas em apuros. O capitão que comandou o
socorro classificou a expedição como “totalmente irresponsável”. Marçal
debochou das críticas: “Quem não quer correr risco fica em casa vendo stories”.
Em outubro, a maior cidade da América Latina
vai às urnas escolher seu novo prefeito. Até lá, o coach deve reforçar a aposta
no figurino de idiota. No podcast da semana passada, ele reclamou que sua única
tentativa de soar “comportadinho” foi um fiasco nas redes: “Não rendeu um
corte, não deu nada. Você perde o seu tempo ali”.
Idiotas serão os estúpidos que votarem no criminoso condenado!
ResponderExcluirCarácoles!
ResponderExcluir"Nada revela mais o caráter do indivíduo do que o tipo de gente que ele admira". Marçal é a cara do país, boa parte formado por vagabundos oportunistas. Brasília não é assim por acaso.
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