Folha de S. Paulo
Adotar medidas para atenuar efeitos
deletérios é bastante factível considerando os recursos disponíveis
Dois atos foram convocados em São Paulo em
virtude da emergência climática. O primeiro anuncia em sua chamada: "Não
existe luta pelo meio ambiente sem
revolta popular". O segundo, divulgado como "Marcha pela Justiça
Climática", mobiliza apelos como: "Esse calor não é normal! Não
queimem nossas vidas!". Ambos foram marcados para domingos de setembro, no
Masp.
Os protestos revelam a necessidade de ações urgentes diante da crise climática que avança a olhos vistos. No sábado (14), o renomado climatologista brasileiro Carlos Nobre escreveu um texto para a Folha cujo título não poderia ser mais direto: "Mundo pode não ter mais volta e isso me apavora".
Nobre aponta que o aumento progressivo da
temperatura do planeta vem ocorrendo em níveis muito acima do esperado. Isso
levou ao crescimento exponencial de eventos climáticos extremos como os que
vivenciamos hoje no Brasil: ondas de calor, seca, chuvas intensas e incêndios
florestais.
Em decorrência de tais eventos, fenômenos que
parecem saídos de cenários apocalípticos vêm sendo registrados no estado de São
Paulo. No dia 11 de setembro, um redemoinho de fumaça ocorreu em Mococa, no
interior do estado, assustando moradores.
No mesmo dia, foi registrada uma
"chuva" de fuligem na zona oeste da capital paulista.
"Chuva" vem entre aspas pois o fenômeno não tem nada de úmido, pelo
contrário, diz respeito à queda de "floquinhos" de fuligem do céu.
Além da necessidade de reduzir a temperatura
global, é urgente a adoção de medidas para atenuar os efeitos deletérios da
crise climática.
No caso da cidade de São Paulo, por exemplo,
citando estudos da USP, Carlos Nobre afirma que "a restauração da
vegetação urbana pode reduzir as temperaturas em até 5°C, reter água no solo,
diminuir enxurradas e remover de 20% a 30% dos poluentes".
O cientista conclui que isso não só
melhoraria o microclima local como a saúde dos moradores, considerando que as
ondas de calor são os eventos extremos de maior risco nesse sentido.
A implementação de tais medidas é bastante
factível considerando os recursos disponíveis.
Ursula Peres, professora de gestão de
políticas públicas da USP e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole,
em artigo na revista Estudos Avançados, aponta que, de 2014 a
2024, o município passou de uma situação de escassez para um acúmulo de saldo
de caixa de 2018 a 2022.
Contudo, nesse período, "mais de R$ 20
bilhões ficaram parados, apesar das demandas não atendidas da população",
afirma.
Isso teria ocorrido pois, de um lado, a
burocracia fazendária mantém uma posição conservadora em relação às despesas e,
de outro, a burocracia que executa o orçamento, fragilizada em termos de
contratações e formação especializada, não consegue planejar e gastar os
recursos, situação agravada pela descontinuidade da ocupação de cargos de
comando de 2017 a 2022.
Nos últimos anos, sob o comando de Ricardo Nunes,
não só houve uma dispersão de contratações sem planejamento como a realização de
contratos sem licitação vultosos, com suspeitas de superfaturamento.
Agora, resta saber por quanto tempo a cidade
continuará sem um plano estratégico em meio à crescente vulnerabilidade social
e climática.
Muito bom! Repito o texto muito verdadeiro do prof. Nobre colocado entre aspas pela colunista: "a restauração da vegetação urbana pode reduzir as temperaturas em até 5°C, reter água no solo, diminuir enxurradas e remover de 20% a 30% dos poluentes". Sim, a vegetação urbana FAZ MILAGRES!
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