Valor Econômico
Para o presidente do PSB, Tarcísio de Freitas
foi o cabo eleitoral mais influente em SP
Principal vencedor das eleições deste ano,
com 878 prefeitos eleitos no primeiro turno, sendo três em capitais, o
presidente nacional do PSD e secretário de Governo de São Paulo, Gilberto
Kassab, disse ao Valor que
os resultados revelaram que o centro é a maior força política do país, que
errou quem tentou nacionalizar a disputa, e que o governador Tarcísio de
Freitas (Republicanos) foi o cabo eleitoral mais influente em São Paulo.
Kassab vê o prefeito Ricardo Nunes (MDB) como favorito no segundo turno na capital paulista e destinatário da maioria dos votos do empresário Pablo Marçal (PRTB), mas alertou que “não existe eleição ganha”. Questionado sobre o aceno de Marçal ao emedebista, respondeu que agora é o momento de “somar todos os apoios”.
“O maior erro dessa eleição foi de quem
apostou que a campanha ia ser nacionalizada, porque ficou claro que
prevaleceram as questões circunstanciais e os problemas locais”, avaliou. “O
segundo erro foi de quem dizia que o mundo estava polarizado e o centro
[político] ia acabar, esses quebraram a cara”, desafiou.
“O centro é maior do que a direita e do que a
esquerda”, completou. Ele rechaçou a denominação de “Centrão” -
tradicionalmente imputada aos partidos que dão sustentação a todos os governos
- ao PSD. Ressaltou que a sigla faz parte do “centro” político, ao qual se
somam, ao seu ver, o MDB e o União Brasil. “Ficou claro que o centro é o maior
no Brasil, maior do que PL, PP e Republicanos”.
A soma dos votos obtidos por PSD, MDB e União
totalizou 40,161 milhões, acima dos 32,953 milhões alcançados pelas maiores
siglas de direita (PL, PP e Republicanos). Juntas, as maiores legendas da
esquerda (PT, PSB, PDT e Psol) totalizaram 21,156 milhões de votos, segundo a
Justiça Eleitoral.
O dirigente do PSD também avaliou que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
não foram cabos eleitorais estratégicos na maior cidade do país. “Fizeram o
papel deles”, mas saíram de cena ao perceberem que não eram essenciais. “Podem
ter sido decisivos em outras cidades, mas não em São Paulo”, resumiu.
Nesse cenário, Kassab vê Tarcísio como o
principal cabo eleitoral na capital. “Ele foi muito importante, trazendo a
visão do gestor, a parceria e o exemplo do que seria bom pra cidade, e ele está
com a aprovação alta”, observou.
Ele enxerga um “quadro de favoritismo” para
Nunes. “O Marçal é um candidato conservador, e seu eleitor é majoritariamente
conservador, de direita”, ponderou. Acrescentou que a rejeição do paulistano é
maior em relação ao deputado Guilherme Boulos (Psol), que representa a
esquerda.
Kassab ponderou que o segundo turno é a
oportunidade de “mostrar mais e com mais tempo o que se fez, o que se vai
fazer, apresentar a equipe, fazer as conversas certas, nas horas certas e com
as pessoas certas”.
Ele classifica Marçal como um personagem que
se posicionou, conseguiu milhões de votos, e que faz parte da democracia. Mas
destacou que ele não faz parte da política. “Não sei se permanece muito tempo
[na política]”, avaliou. Lembrado que o candidato do PRTB quase chegou ao
segundo turno, ameaçando a vaga do prefeito ou de Boulos, ele retrucou: “Quase,
mas não chegou”.
Ele não considera o desempenho eleitoral de
Marçal uma ameaça à política tradicional. “Não é bem assim, nada supera o
trabalho realizado pelo gestor, e o Ricardo [Nunes] vai muito bem; não há rede
social, não há mobilização digital que resista ao trabalho do prefeito”,
desafiou.
Pela primeira vez desde 1992 - ano da
primeira eleição municipal após a redemocratização -, o MDB perdeu o primeiro
lugar em número de prefeituras conquistadas, elegendo 847 mandatários, 31 a
menos que o PSD.
A sigla comandada por Kassab também reelegeu
os prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, de Florianópolis (SC), Topázio
Neto, e de São Luís (MA), Eduardo Braide. Ainda garantiu vaga no segundo turno
em Belo Horizonte (MG), com Fuad Noman, e Curitiba (PR), com Eduardo Pimentel.
O PSD cresceu, principalmente, nos redutos de
suas lideranças. Em São Paulo, onde Kassab liderou a filiação de prefeitos nos
últimos anos, foram 203 eleitos - 139 a mais que em 2020. Em Minas Gerais, o
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, quase dobrou o número de prefeituras,
elegendo 140 mandatários.
Na Bahia, o senador Otto Alencar elegeu 115
prefeitos, seis a mais do que no pleito anterior. E no Paraná, o governador
Ratinho Júnior venceu em 162 municípios, 33 a mais do que há quatro anos, e
aguarda o segundo turno na capital.
Kassab minimizou as críticas de adversários
sobre o PSD controlar três ministérios no governo Lula, e despontar como
principal aliado de Tarcísio em São Paulo. Argumentou que o partido foi neutro
na eleição presidencial, mas alguns diretórios como os do Rio de Janeiro,
Bahia, Minas e Maranhão fizeram campanha para o petista, enquanto ele ajudou
Tarcísio no Estado.
“É mais do que legítimo que eles participem do governo federal e é legítimo que eu esteja no governo [paulista], a gente pede voto para governar [junto]”, explicou. Agora é o momento de o PSD preparar-se para 2026. “Nosso sonho é ter candidato próprio à Presidência”, concluiu.
PSD e não PSB. MAM
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