O Globo
Ricardo Nunes ligou o piloto automático na
eleição de São Paulo. Favorito no duelo com Guilherme Boulos, o atual prefeito
adotou a tática do risco zero. Resolveu fugir dos debates e evitar novas
companhias que possam atrapalhá-lo.
A primeira pesquisa Datafolha traçou um
cenário confortável para Nunes. Ele apareceu com 55% das intenções de voto,
ante 33% de Boulos. A distância sugere que o emedebista pode garantir a vitória
sem muito esforço. Basta não cometer grandes tropeços e administrar a vantagem
até o dia 27.
Na segunda-feira, Nunes esnobou a possibilidade de incorporar Pablo Marçal à campanha. O coach só esperava uma piscadela para formalizar o apoio. “No meu palanque, não”, descartou o prefeito. “Ele que siga o caminho dele, e eu o meu”. Os números do Datafolha explicam a autossuficiência. Sem se mexer, Nunes já herdou 84% dos votos de Marçal. Se aceitasse as exigências do coach, arriscaria se contaminar com parte de sua rejeição.
O cálculo também vale para a relação com Jair
Bolsonaro. O ex-presidente deve dar o ar da graça em São Paulo, mas ninguém
espera que ele passe a ditar o tom da campanha. A equipe de Nunes prefere
reeditar a dobradinha com o governador Tarcísio de Freitas, que já deu
resultado no primeiro turno.
A fuga dos debates segue a mesma lógica
conservadora. Ontem o prefeito faltou ao duelo organizado por CBN, O GLOBO e
Valor Econômico. Alegou agenda cheia, embora tenha encontrado tempo para
participar de dez encontros no primeiro turno. Sentado ao lado de uma cadeira
vazia, Boulos criticou a atitude de Nunes e mostrou presença de espírito ao
chamá-lo de Gasparzinho. Mas não teve a chance de encaixar novos golpes no
adversário.
O deputado terá que escalar um Everest para
alcançar o prefeito. Mesmo que ele conquistasse todos os indecisos, ele ainda
dependeria de um avanço sobre o eleitorado de Marçal — hoje só 4% da turma
indica voto no candidato do PSOL. Em política nada é impossível, mas talvez
seja mais realista pensar numa estratégia para atenuar uma provável derrota no
dia 27. Com dificuldade de se renovar, a esquerda precisa preservar Boulos como
opção para o futuro.
Ver o jornalismo fazendo campanha Aberta pro candidato da extrema esquerda Guilherme bolos é de lascar
ResponderExcluirO paulistano Tem rejeição de 58 por cento para esse candidato qual a chance dele pro segundo turno ?
Só não vê quem não quer ou está sendo muito bem pago
Eu sempre disse que esta seria do Nunes,apesar de torcer para Boulos.
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