O Globo
Os lados se embaralham, mas continuo achando
que vale a pena separar a direita de seus radicais
Antigamente era mais fácil. Na direita,
estavam os liberais. Prezavam as liberdades individuais e a economia de livre
mercado. Na esquerda, os socialistas (no sentido europeu). Prezavam os direitos
sociais, a intervenção do Estado para distribuir renda, produzir bens e
serviços e controlar o capital privado.
Daí resultavam as políticas de governo. No
lado liberal, coloquemos Ronald Reagan e Margaret Thatcher. Seus slogans:
reduzir impostos; tirem o Estado de nossas costas. No lado socialista, o
François Mitterrand do primeiro mandato. Seu slogan: estatizar, de bancos a
fábricas de carros.
No Reino Unido,
sucedendo a governos trabalhistas que haviam ampliado o setor estatal, Thatcher
precisou recorrer às privatizações — tema irrelevante nos Estados Unidos,
sempre predominantemente liberais.
Todos os lados prezavam igualmente o Estado
de Direito e a liberdade de imprensa.
Cabe ressalvar as diferenças entre Estados Unidos e Europa Ocidental. Nesta, a separação entre direita e esquerda era mais definida. Mas, mesmo nos Estados Unidos, os republicanos queriam cortar impostos e liberar a economia, incluindo sistema financeiro e monopólios, enquanto os democratas aumentavam impostos e gostavam de controlar certos setores econômicos. Nos dois casos, a política andava entre dois partidos, acentuando a clivagem direita x esquerda.
Com o tempo — e dadas as peculiaridades das
sociedades mais modernas —, políticos e ideólogos, partindo dos dois polos, se
aproximaram do centro. Ainda se separava centro-direita de centro-esquerda, mas
havia mais conversa. Temos notórios e bons exemplos de centro-esquerda: Fernando
Henrique Cardoso, Tony Blair e Bill Clinton. De centro-direita, para ficar
entre nós, poderíamos colocar Tancredo Neves, quando eleito presidente.
Durante bom tempo essas categorias
funcionaram. Os extremos dos dois lados não importavam. Estavam confinados a
seus quadradinhos. Sim, houve um terrorismo de esquerda que deixou muitas
vítimas, mas foi isolado e repudiado pelas sociedades livres.
Considerando todos esses critérios — e
chegando ao nosso tempo —, Bolsonaro não estaria naquela direita liberal. Não
há lugar ali para quem tenta golpe de Estado, defende a tortura e não acredita
no valor da liberdade de imprensa. Muito menos cabe no centro, onde se requer
moderação. Trump, com seu desprezo pelas instituições democráticas, também está
longe da direita liberal.
Foi preciso, então, recuperar a categoria de
extrema direita, ou direita radical, onde, claro, cabem Bolsonaro e boa parte
de seus seguidores. Digo boa parte porque muitos de seus companheiros de
viagem, que estiveram a seu lado em eleições, aproximam-se mais de uma direita
respeitadora das instituições.
Na prática política cotidiana, muitas vezes
esses lados se embaralham, mas continuo achando que vale a pena separar a
direita de seus radicais. Querem mais uma razão? Pensem nos eleitores. Não se
pode dizer que todo eleitor de Bolsonaro quer uma ditadura. Seria catastrófico
se fosse assim. Lembremo-nos: o golpe não vingou. Faltou respaldo na sociedade
e mesmo entre os militares.
Isolar a extrema direita — eis o que seria
bom para o país. Muitos perguntarão: não vai falar da extrema esquerda? Do
comunismo? Não precisa. Praticamente não existe. Sei que muitos, lá da extrema
direita, consideram Lula um
perigoso esquerdista. Bobagem. Ele caberia no figurino da centro-esquerda. É
estatizante, interfere na vida das empresas privadas, quer mais controle sobre
o capital, mas não tem a menor intenção (nem possibilidade) de socializar a
economia.
Em qualquer lado do espectro político,
excetuando os extremos, há governos bons e ruins. O de Lula está mais para
ruim. E tem alguns desvios graves, como apoiar ditaduras. Tudo considerado, o
país estará melhor se isolar a extrema direita, deixando que a disputa política
ocorra dentro do campo democrático. Mas, como o Brasil é sempre mais
complicado, é preciso acrescentar outras duas categorias: o centro vazio de
ideias e o Centrão que vive pendurado no Estado.
Voltaremos ao tema.
Porque os colunistas não escrevem aquilo que querem dizer???? Não era mais fácil dizer que tudo o que o Senhor Democracia em pessoa, Alexandre de Moraes está fazendo é correto???? Que em nome da democracia, tudo bem rasgar leis rasgar a constituição, fazer o que bem entender e somente pra um lado, porque como o próprio colunista disse, não existe extrema esquerda no Brasil, Boulos é um moderado.....
ResponderExcluirConcordo com meu Colega que me antecedeu
ResponderExcluirsurpreendeu que o jornalistas Carlos Alberto Sedembergue é um jornalista razoável, e dizer que o Guilherme Boulos é moderado é brincadeira
Ele é radical da extrema esquerda Apoia invasão e depredação de prédios privados e públicos Apoia toda pauta da extrema esquerda ; aborto ,liberação de drogas , desarmamento da polícia Militar , desencarnação em massa ou seja Mais radical impossível
Há um temor de desagradar a esquerda taxando de extremistas , que pode cortar a verba gorda da imprensa , mas é a pura verdade
Guilherme Boulos e seu partido o PSOL, além de alguns partidos satélites, que gravitam em volta do PT, formam a extrema esquerda que o colunista não mencionou.
ResponderExcluirViver na rua sem ter onde morar deve ser muito difícil.
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