O Estado de S. Paulo
A Moody’s que dá é a mesma que tirará. Já
vimos essa fita. Serve-nos aqui o clichê da comparação entre fotografia e
filme. A agência aumentou o grau de confiança no Brasil observando o impulso da
galinha ao disparar seu voo. Boa foto.
A galinha alçou-se tirando mais as patas do
chão do que se projetava. Salto que surpreende; surpresa cujo encanto faz
negligenciar o fato de ser uma galinha quem se lança. Galinha manjada. Que já
deu seus pulos no passado.
A Moody’s deu pouca importância ao fato de ser uma galinha quem se alavanca, donde talvez a pouca relevância ao exercício de memória sobre como fora a aterrissagem do bicho quando da armação artificial de voo anterior. Não foi bem uma aterrissagem. Pagamos por ela até hoje. Catamos as penas até hoje.
Faltavam – como ora faltam – os fundamentos.
Inexistente a capacidade de sustentar o arremesso. O plano de voo não fecha;
porque não fecha a conta. Gasta e gasta – e controla gastos com pente-fino.
A Moody’s que melhora a nota de risco do
Brasil – priorizando o crescimento insustentável da economia brasileira – é a
mesma que a rebaixará, quando afinal considerar, com os devidos pesos, os
elementos estruturais em razão dos quais deveria ser mais prudente-cética
agora. A galinha está inchada.
O caso do país cujo endividamento cresce e
cresce, ao mesmo tempo – matemática de Haddad – cumprida a meta fiscal, bulido,
vilipendiado, o corpo morto do menino arcabouço. Pouca a transparência?
Interessa é que crescemos.
O crescimento brasileiro corrente tem base
precária forjada nos gastos públicos; na jorração de dinheiros públicos para
induzir a atividade econômica, via consumo, e compensar a insuficiente potência
do investimento entre nós, ausentes os meios para incrementar a capacidade
produtiva. Estamos em pleno emprego. Contrata-se pressão inflacionária.
Conjunto que é a própria definição do voo de galinha.
Voo de galinha não dura, embora essa turma
saiba adiar o pouso. Que nunca é pouso.
Sobre a doença do jogo, o vício da aposta, o
presidente Lula declarou: “Tem muita gente se endividando. Tem muita gente
gastando o que não tem”.
O Brasil gasta o que não tem e se endivida em
ritmo vigoroso. O governo Lula também joga um jogo e faz aposta. Casou, casa e
ainda casará muitos bilhões em que o voo da galinha mantenha seu esplendor até
2026, quando soltará uma PEC Kamikaze para chamar de sua. O pouso – que pouso
não será – fica para 27. Posa-se.
A Moody’s, contemplando a fotografia,
melhorou a nota de crédito de quem raspa o tacho de tostões privados esquecidos
em bancos e contabiliza esse desespero arrecadador como receita primária. É
assim que batemos nossas metas.
Será que a Moody's vai aprender com os ensinamentos do colunista? Será que ela precisa deles? Serão mesmo ensinamentos?
ResponderExcluirA Moodys colocou agora o Brasil no patamar de Botswana, Cazaquistão e Chipre. Se continuar assim, talvez em 2026 o Brasil alcance o mesmo nível do Paraguai. Que bom, não é?
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