Folha de S. Paulo
Ministro da Fazenda tem a árdua tarefa de
convencer Lula de que a roda é redonda
Não bastasse o enorme esforço que o ministro
da Fazenda terá de fazer no Congresso para mexer no vespeiro das isenções,
benefícios, vinculações, supersalários e outros gastos, antes disso Fernando
Haddad tem a árdua tarefa de convencer o presidente Luiz Inácio
da Silva de que a roda é redonda.
Em outras palavras: a missão de mostrar que
a contenção nas
despesas, além de inadiável para a saúde da economia,
é fator relevante —senão decisivo— para quem pretende se reeleger ou eleger o
(a) sucessor (a).
Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, foram às redes, aos jornais, às rádios e as televisões nesta semana e disseram quase isso quando expuseram com todos os efes e erres o esgotamento das medidas de arrecadação, pentes-finos e revisões no Orçamento.
Falaram com tal convicção sobre a chegada da
"hora" (para usar a palavra de Tebet) de encarar a questão a sério,
que pareceu óbvio terem a concordância prévia do presidente. No dia seguinte,
porém, lá foi Lula ocupar
o microfone da Palácio do Planalto para repetir sua habitual diatribe contra os
insensíveis sociais que falam em cortes de gastos, equilíbrio de contas, essas
maldades.
Na mesma toada, emendou uma
providência: encarregou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e
Social de formar um grupo de trabalho para descobrir a razão da alta taxa de
juros no Brasil. Puro entretenimento, pois os motivos a área econômica, os
banqueiros com os quais se reuniria dali a instantes, Deus, o mundo e seu
Raimundo sabem quais são.
Espera-se que o presidente da República
também saiba. Prefere, contudo, ignorá-los; opta por enxergar o panorama de
cima de um palanque. Sempre mais preocupado em ficar bem na foto do que em
montar uma moldura na qual se encaixe o retrato de um país melhor.
Em sua visão imediatista, Lula reage ao mau resultado
nas eleições municipais insistindo no discurso do "gasto é
vida" sem olhar para o médio prazo de um ano e pouco de aperto que lhe
permitiria entrar em 2026 com o arcabouço fiscal em pé, a casa arrumada e, aí
sim, uma boa perspectiva de sucesso eleitoral.
Dora adora o Lula.
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