Folha de S. Paulo
Eleição não se ganha de véspera, e por isso
mesmo as urnas revelam tantas surpresas
Eleição não
se ganha nem se perde de véspera, embora seja esta a ocasião em que mais se
especula sobre quem vai comemorar vitórias ou amargar derrotas. Isso ficou mais
forte desde que o advento das pesquisas de intenção de votos tomou conta da
cena.
Antigamente, na pré-história dos anos 1980, quando o Brasil começou a retomar eleições diretas nos estados (1982), nas capitais (1985) e à Presidência da República (1989), a medição da vontade do eleitor era fruto do trabalho da imprensa, com repórteres à caça do "clima" país afora.
Por razões que não vêm ao caso nem são
objetos aqui de juízo de valor, isso mudou. Agora o que conta são números,
tabelas, gráficos e recortes minuciosamente destrinchados a cada rodada com
rapidez e graus de certeza (não de acerto) impressionantes.
Quando destoam da voz das urnas é a acusação
de sempre: as pesquisas erraram. Chovem críticas, e na eleição seguinte
voltamos a nos guiar obedientemente por elas. Pelo simples fato de que são
instrumentos eficientes para a detecção de situações e tendências.
Como alertam os institutos aos quais o furor
contestatório do dia seguinte não costuma dar ouvidos, pesquisas não pretendem
substituir o eleitorado nem fazer as vezes das circunstâncias. Isso sem contar
com o inesperado que, no inesquecível verso de Johnny Alf (1929-2010),
existe para nos trazer surpresas.
Na política, a prudência advinda da
experiência e dos equívocos cometidos por precipitação aconselha não
menosprezar alguns fatores, independentemente de as disputas estarem acirradas
ou não.
O caso mais
recente, o de Wilson Witzel, em 2018, cujo nome só vimos a conhecer
praticamente no dia da eleição que o faria governador do Rio de Janeiro. Em
episódios desse tipo, a pesquisa não pega as "ondas" de última hora
nem os movimentos dos eleitores com vergonha
de antecipar a escolha ou daqueles que resolvem conferir
utilidade ao voto na boca da urna.
Portanto, é melhor conter o ímpeto do afã de
acertar do que incorrer no equívoco de culpar quem faz o seu papel sem
necessariamente a pretensão de adivinhar.
E tem as pessoas que falam que votam em fulano,mas não vão votar,os menos radicais fazem muito isso.
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