Valor Econômico
Concomitância dos encontros do FMI, Banco
Mundial, G20 e Brics evidencia os conflitos com um eventual governo republicano
A concomitância das reuniões anuais do Brics,
do FMI/Banco Mundial e dos ministros das finanças do G20, a dez dias das
eleições americanas, evidenciou os impactos inevitáveis para todos esses fóruns
se o vento soprar a favor de Donald Trump. Como presidente do G20 e, em breve,
do Brics, é claro que também vai sobrar para o Brasil.
O rascunho acordado entre os ministros do G20, por exemplo, manteve o compromisso com a taxação dos super-ricos proposta por Fernando Haddad. Joe Biden já chegou a propor taxação de grande fortunas nos EUA que nunca foi adiante. Ele ainda será o presidente quando o encontro acontecer, a partir de 18 de novembro, no Rio, mas uma eventual vitória de Trump, cujo governo reduziu os impostos dos mais ricos, pode reforçar a resistência de integrantes do bloco hostis à proposta, como Javier Milei, da Argentina.
O mesmo se pode dizer para esta plataforma de
investimentos climáticos e de transformação ecológica lançada por Haddad que
tem como objetivo atrair investidores internacionais para apoiar projetos
verdes no país. A proposta, que terá o BNDES na conexão entre projetos e
investidores, cultiva a ambição de atrair US$ 8 bilhões em um ano e dobrar no
ano seguinte.
Um grupo de 20 investidores americanos que
gerenciam uma carteira de US$ 1 trilhão e está no Brasil prospectando
investimentos, deixou, num de seus interlocutores, a impressão de que apostam
numa transição energética muito longa e encaram o momento com pragmatismo.
Demonstraram mais interesse em petróleo do que no crédito de carbono. Nenhum
deles escondeu a preferência por Trump.
Em Kazan, as atenções brasileiras estiveram
voltadas para a investida da Venezuela para entrar no Brics, mas os
desdobramentos do encontro estão longe de se limitar às tensões entre o Brasil
e seu vizinho, que cresceram com os desdobramentos indesejáveis do envolvimento
brasileiro na tentativa de mediar uma transição para a democracia naquele país.
As preocupações com a pressão da Venezuela, escancarada com a surpreendente
chegada de Maduro a Kazan na terça-feira, acabaram por se dissipar ao final do
jantar do dia seguinte.
Quando o repasto se iniciou, a diplomacia
brasileira ainda não dava o tema por vencido. O temor era que se repetisse a
manobra da Etiópia no encontro do ano passado em Joanesburgo. Durante aquele
jantar, os chefes de Estado foram convencidos a reabrir a lista dos novos
integrantes plenos do bloco (Egito, Irã e Emirados Árabes) para incluir a
Etiópia.
O episódio do ano passado é visto, em setores
do Itamaraty, como parte do desarme diplomático promovido pelo bolsonarismo que
não foi capaz de evitar a expansão do bloco, indesejada pelo Brasil. Desde
então, a pauta de negociações foi mais vigilante em evitar novas expansões.
O repasto findou, enfim, sem incluir a
Venezuela nem mesmo na lista dos 13 “países parceiros” que a Rússia, por
decisão consensual dos nove integrantes plenos, vai convidar. O aceite de
países como a Turquia, por exemplo, ainda é duvidoso. Por que se submeteria a
integrar, sem voz, um fórum ao qual o vizinho Irã está integrado a plenos
pulmões?
A participação dos iranianos, abrigados pelo
bloco desde o ano passado, é uma promessa de dor de cabeça para as relações do
Brics com um eventual governo Trump, dadas as relações ainda mais estreitas que
o republicano mantém com o regime de Benjamin Netanyahu.
Mas não apenas. A própria realização do
encontro foi um desafio de Vladimir Putin ao isolamento imposto pelas sanções
americanas e pelo Tribunal Penal Internacional. Como é alvo de um mandado de
prisão desta Corte pelos crimes de guerra na Ucrânia, Putin não foi ao encontro
do Brics em Joanesburgo em 2023 nem virá ao do Brasil em 2025. A restrição,
porém, não o impediu de receber em seu país 22 chefes de Estado, além do
secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, no encontro mais amplo
que teve desde a invasão da Ucrânia.
A cúpula dos Brics também marcou o primeiro
encontro, em cinco anos, entre Xi Jiping, chefe de Estado do país que mais
desafia a economia americana, e Narendra Modi, primeiro-ministro do país mais
populoso do mundo. As relações comerciais nunca foram rompidas, mas os
dirigentes se mantinham afastados desde o conflito, na fronteira, que resultou
na morte de 20 indianos e quatro chineses, em 2020. As expectativas de que a
reaproximação incremente os investimentos chineses na Índia é uma má notícia
para os Estados Unidos em quaisquer cenários, mas particularmente ofensiva à
militância anti-China de Trump.
A convergência do bloco em relação ao uso de
moedas locais nas suas transações comerciais, também soa como uma provocação ao
candidato republicano. Há inúmeras barreiras internas ao seu avanço no Brics,
mas o tema esteve presente desde a declaração remota do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, impedido de viajar por recomendação médica, até a declaração
final do encontro. Trump passou a campanha prometendo penalizar países que
desdolarizarem suas transações comerciais.
E, finalmente, o Brasil arrancou, ao longo
dos 134 parágrafos da declaração final do bloco, reiteradas manifestações de
apoio à presidência do G20, do Brics e da COP30. Todas essas agendas foram
hostilizadas pelo governo Trump e voltarão a sê-lo se ele retomar o poder.
Se preparem que o Trump vai voltar
ResponderExcluirQuando a mídia domesticada começa a falar manso é porque já sabe que a candidata Camila Harris esquerdista do partido democrata Instala ladeira abaixo principalmente depois que ela expulsou dois jovens que disseram em voz alta que Jesus é o Senhor e ainda fez a cota dos meninos a sua candidatura passou a ser rejeitada dia a dia por uma grande parte dos indecisos está ladeira abaixo Vai perder tirar um velho gaga e botaram uma candidata cabeça oca
Deus nos livre!
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