O Estado de S. Paulo
Fernando Haddad viaja. O corte de gastos
fica. O ministro vai à Europa. O pacote espera. Na hipótese de que (já) exista,
talvez – otimismo – decante. O chá revelação maturando.
Haddad já dissera que não haveria prazo para
divulgar o conjunto. O chá revelação sem agenda. O mercado reagiu mal. Fazenda
e Planejamento puseram influente blitz de comunicação na pista, prometeram o
troço com urgência – e nada. Donde o mau humor. O chá revelação azedado.
Veio, então, a conversa de convergência. Para
(tentar) aliviar. O papo de harmonia com a Casa Civil – um advento. Rui Costa,
a antessala de Lula, de súbito fechado com o programa do – perdão pelo oximoro
– fiscalismo petista. Alinhamento de astros que fez (ao menos vendeu) a luz.
Havendo concordância, ora, a lista de medidas seria apresentada na semana que
vem.
O chá revelação marcado. Seria, pois, sem Haddad. É improvável. O chá revelação no telhado.
Contra informações desencontradas e os
estímulos contraditórios, a memória. Botaram a campanha de propaganda na rua –
apregoando o pacote consistente de corte de gastos – à espera de acalmar o
dólar nervoso ante a até então prioridade do governo para este fim de ano:
reformar o Imposto de Renda na porção relativa a isentar os que ganham até R$ 5
mil. Contratava-se a renúncia – o rombo arrecadatório – sem respostas
compensatórias críveis.
O mar ficou revolto. Dispararam a promessa de
cortar gastos para valer. Que não estava no horizonte. Que foi ignorada. O
dólar mordendo como se não houvesse. O governo captando dinheiro a custo
altíssimo. Não ignorada a dificuldade para se colocar de pé algo capaz de ao
menos enganar.
O governo pente-fino e reativo prometera um
corte de gastos estruturais de entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões.
Desde o anúncio de que viria um anúncio de
medidas para austeridade fiscal, combinaram-se improviso, mistério e blindagem.
Haddad e Simone Tebet, formulando o bicho clandestinamente, blindaram o pacote.
Contra quem se o blinda?
Esta foi uma semana de reuniões destinadas a
convencer Lula – ou lhe preparar o convencimento – sobre a necessidade de
cortar despesas. Há versões para todos os gostos. Até agora incerto se o
presidente já terá visto o cardápio de ações, sobre o qual poderia exercer o
poder de veto, ou se ainda estão lhe amaciando o terreno, fazendo-lhe
preliminarmente a cabeça em prol dum conceito – para só então lhe mostrarem a
cousa.
Improviso, mistério e blindagem comunicam e
fazem preço. Os rapapés todos, a atividade clandestina, a bateção de cabeças –
todas essas prevenções e confusões para encontrar hora e forma de falar com
Lula fazem comunicação e preço. E ainda nem passaram do Luiz Marinho. •
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