O Globo
America First. O retorno triunfante de Donald Trump assinala
a vitória de um neonacionalismo sombrio, da xenofobia extremada e do
protecionismo econômico. No campo dos derrotados encontram-se o consenso
liberal-democrático, a estabilidade das instituições americanas, a ponte
atlântica entre Estados
Unidos e Europa, a nação ucraniana. Putin terá erguido um
brinde nos salões dourados do Kremlin. Netanyahu celebrou publicamente. Mas nem
tudo é tragédia. Jaz, em meio aos destroços, a bíblia identitária dos
“progressistas” .
A eleição não foi um plebiscito sobre as políticas de raça, etnia, gênero e orientação sexual. Foi, claro, sobre a herança de Biden: inflação, imigração e guerras. Marcou, porém, a morte do programa identitário que soldou uma aliança elitista entre “progressistas” de centro e de esquerda.
O retrato da agonia final surgiu na campanha
de Kamala Harris,
que renunciou a rezar no altar do dogma. Numa tentativa fracassada de dialogar
com a maioria dos eleitores, queimou o que adorava, evitando descrever-se como
personificação simbólica de grupos vitimizados. A banda de fundo que celebrava
a “mulher” (e, grau superior, “mulher negra”) tocou sozinha — mas ainda assim
foi ouvida, para regozijo da caravana de Trump.
O retrato do corpo sem vida surgiu na hora da
apuração. Os grupos minoritários esculpidos pelas políticas identitárias
recusaram o papel a eles atribuído: fornecer uma massa compacta de votos ao
partido que alega representá-los. A erosão dos votos democratas de hispânicos e
negros não foi compensada por uma onda providencial de votos de mulheres. O
Make America Great Again (Maga), movimento de Trump que tomou o lugar do antigo
Partido Republicano, tornou-se algo como um Partido dos Trabalhadores, expulsando
os democratas para os redutos das grandes cidades cosmopolitas.
A “traição das minorias” implode o manual
estratégico dos “progressistas”. Na vida democrática real, eles terão de
desistir da pregação moral pedante e formular uma resposta política ao desafio
do neonacionalismo da direita. Serão obrigados a reaprender a falar com o povo
inteiro, resgatando do Maga a bandeira da unidade nacional e restaurando o
conceito abandonado de igualdade política e jurídica entre os cidadãos.
As políticas identitárias “progressistas”
nasceram na academia, de onde fluíram até o meio editorial e artístico, os
veículos de comunicação, o aparato judiciário e as grandes empresas. O retorno
de Trump iluminou, porém, o abismo que separa as elites intelectuais e
econômicas da vida popular. Por algum tempo, o cadáver identitário continuará a
emitir ruídos nos ambientes sanitizados de sua infância.
Diante do fracasso de seus remédios
milagrosos, as seitas ideológicas tendem, invariavelmente, a dobrar a dose. Nas
universidades e na imprensa “progressista”, permanecerão ecoando os sermões
identitários, e o debate público seguirá truncado pela invocação terminal do
“lugar de fala” e pelo exercício purificador do “cancelamento” de dissidentes.
Contudo, na esfera pública mais ampla, encerrou-se a era identitária: nenhum
partido político sério, nos Estados Unidos ou fora dele, renunciará à vitória
em nome de um totem oco.
Brasil, país da imitação. Há cem anos, os
bens culturais americanos moldam o imaginário brasileiro (sobre isso, leia-se
“O amigo americano” e “O imperialismo sedutor”, de Antonio Pedro Tota). A
importação diretamente política, fenômeno mais recente, manifesta-se pela
esquerda e pela direita. Agraciados com bolsas de estudos e intercâmbios
acadêmicos, os intelectuais “progressistas” aderiram ao novelo sem fim da
engenharia social identitária. A direita retrucou aportando no cais seguro da
Flórida, ajoelhando-se no altar de Trump e abraçando outro identitarismo,
nacionalista e religioso
A americanização voluntária tem mão e
contramão. Dos destroços da campanha de Kamala, emana uma luz de alerta. O
discurso identitário “progressista”, com seu cortejo de leis de cotas e seus
éditos de censura, funciona como fábrica de vitórias eleitorais da direita. O
que morreu na sua terra natal não sobreviverá numa pátria adotiva.
Demétrio demetriando.
ResponderExcluir" A ' traição das minorias ' implode o manual estratégico dos ' progressistas '. Na vida democrática real, eles terão de desistir da pregação moral pedante e formular uma resposta política ao desafio do neonacionalismo da direita. Serão obrigados a reaprender a falar com o povo inteiro, resgatando do Maga a bandeira da unidade nacional e restaurando o conceito abandonado de igualdade política e jurídica entre os cidadãos.
ResponderExcluirAs políticas identitárias ' progressistas ' nasceram na academia, de onde fluíram até o meio editorial e artístico, os veículos de comunicação, o aparato judiciário e as grandes empresas. O retorno de Trump iluminou, porém, o abismo que separa as elites intelectuais e econômicas da vida popular. "
Perfeito !
Depois dessas eleições tudo está fazendo Sentido a política desastrada externa doBiden e do partido democrata fazia parte de um plano pra enfraquecer os Estados Unidos
ResponderExcluirA saída atrapalhada Dos Estados Unidos do Afeganistão , largando para trás cidadãos e colaboradores , bem como bilhões de dólares em armamento sofisticado nas mãos do Taliba Deu um sinal claro de fraqueza e a partir daí todo mundo aproveitou e avançou : a Rússia invadiu a Ucrânia a China já estava preparada para invadir Taiwan o Irã atacando Israel através dos seus satélites Terroristas Hamas e Hesbolah
E internamente o Partido Democrático radicalizando pra esquerda e impondo a agenda ideológica Woke na sociedade americana
Isso tudo fazia parte de um plano para desestabilizar os Estados Unidos Para o avanço da Rússia e da China
Na verdade os democratas são os verdadeiros inimigos internos que articulados iriam facilitar os inimigos externos a avançar e dominar
O Trump venceu e quebrou essa engrenagem
Aqui no Brasil o Lula Através do Brics , já tomou posição em apoio a Rússia e a China na retirada do dólar das negociações internacionais dos países pertencentes
E internamente o PT também trabalha para desestabilizar nossa sociedade Também defendendo pautas identitárias e se afastando dos interesses do povo brasileiro a partir daí uma luz vermelha acendeu na cúpula do PT que percebeu que o que estava na cara, mas oculto , vai ficar cada mês evidenciado que o PT É um partido inimigo do povo brasileiro
E o Lula é uma ameaça para nossa soberania e o futuro da nossa nação
Em ele manter essa postura Contra o dólar e em apoio a Rússia e China , o Brasil sofrerá sanções pesadas já declarada pelo Trump
Ele está entre a Cruz e a Caldeirinha o ex-presidiárido pinguço
Única voz do contraditório aos dogmas de fé identitários na Globo News, bem diferente do equilíbrio de opinião da CNN, o Demétrio está coberto de razão no artigo. Não só nas eleições federais e estaduais dos EUA em novembro, mas nas municipais do Brasil em outubro. Cujo resultado político prático do identitarismo é termos apenas 12% dos brasileiros governados, a partir de 1º de janeiro de 2025, por um(a) prefeito(a) de esquerda. Bastião identitário no país, o Psol passou de 5 prefeituras a nenhuma.
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