O Estado de S. Paulo
O desemprego continua em queda, como
demonstrou nesta quinta-feira o IBGE. As primeiras análises sugerem que o
mercado de trabalho têm tudo para continuar forte.
No terceiro trimestre do ano, o índice de
desocupação aferido pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
ficou nos 6,4%, menor nível desde dezembro de 2013, quando ficou em 6,3%.
Como avaliar essa melhora do mercado de
trabalho e até que ponto ela é sustentável?
O emprego aumentou tanto no mercado formal, que registra contratações com carteira de trabalho assinada (mais 582 mil no trimestre) como no mercado informal (mais 644 mil). Isso, por si só, demonstra que a atividade econômica está robusta, conclusão coerente com a perspectiva de aumento do PIB neste ano entre 3,0% e 3,2%.
Vale a pergunta sobre a sustentabilidade
dessa situação porque boa parte do emprego se deve à mobilização do período
eleitoral. As contratações do setor público neste ano foram relevantes,
chegaram a 586 mil pessoas. É área que não deve continuar a empregar pessoal.
Em contrapartida, a maior atividade do setor privado, em resposta ao dinamismo
da produção, sugere que, por esse lado, o mercado de trabalho seguirá aquecido.
Indústria e comércio puxaram o aumento da ocupação no período com altas,
respectivamente, de 3,2% e de 1,5%. Já as ocupações por conta própria recuaram
0,6% em comparação com o trimestre anterior. A expectativa de melhora do varejo
ao longo das semanas que precedem o Natal e o fim de ano indicam mais
contratações pelo comércio, ainda que por período temporário.
A força do emprego é, por si só, fator que
enfraquece o argumento de que os juros elevados estejam produzindo o
encolhimento do mercado de trabalho. A pergunta correta é quase o contrário
disso: o mercado de trabalho não está aquecido demais e, nessas condições, não
aumenta artificialmente a demanda agregada e, portanto, a inflação? A próxima
reunião do Copom, agendada para dia 5 de novembro, deve levar isso em conta.
Mas não será o principal fator a pesar na decisão dos juros. O problema
principal continua sendo a desorganização das contas públicas, ou seja, a
questão fiscal.
Como as Contas Nacionais (cálculos do PIB)
vêm demonstrando, o forte aumento das despesas de consumo das famílias tem a
ver com o aumento das transferências de recursos para as camadas carentes da
sociedade, especialmente as atendidas pelo programa Bolsa Família.
Como o PIB seguirá crescendo nos próximos
meses, embora não mais à mesma intensidade, a conclusão é a de que o mercado de
trabalho continuará firme. Deve apontar novas quedas do desemprego.
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