Folha de S. Paulo
Parlamentares vão continuar cozinhando
projeto de anistia de ex-presidente?
O ataque
terrorista da semana passada teria "enterrado" as
tentativas de dar cabo do plano de anistia de Jair Bolsonaro e de quem atacou
as sedes dos Poderes no 8 de Janeiro —o movimento maior mesmo é de livrar
Bolsonaro, da inegibilidade e do inquérito do golpe.
Talvez não enterrasse. Sem novidades, com o passar dos meses e a depender dos acordões do Congresso, sempre se pode tentar dar um jeito. O acordão de enterro da Lava Jato levou meia dúzia de anos para dar certo, de resto com a colaboração da repulsiva República de Curitiba.
Nesta terça-feira (19), o acordão para livrar a cara de Bolsonaro e comparsas levou mais um tombo. Segundo a PF, a gangue de militares do golpe planejava assassinar a cúpula da República e organizava parte da coisa sob as barbas do general Braga Netto, braço forte de Bolsonaro.
Com as prisões de militares e mais delações,
mais podres virão, indicam investigadores da PF. O resultado do inquérito sobre
Bolsonaro sairia apenas no início de 2025.
Fora o caso de polícia brutal, há o caso de
política. O que vão fazer os direitões e centrões que dominam o Congresso? Até
agora, fora o bolsonarismo de sangue, lideranças e a maioria se fingem de
mortos, mudam de assunto ou esperam para ver como é que fica.
O terrorista da
semana passada é um elemento da onda de propaganda e ataque
criminoso de Bolsonaro ao STF (que prometeu não cumprir ordens do tribunal) e
às eleições (que prometeu cancelar). A organização militar golpista era
um instrumento
assassino para levar o plano adiante. O plano morreu porque menos de
um terço do Alto Comando apoiaria o golpe, diziam os militares golpistas.
O que há de novo? A Polícia Federal descobriu
mais detalhes e agravantes do plano de golpe militar. De mais grave, havia
o plano de
assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva,
talvez também seu vice, Geraldo Alckmin, e de ao menos sequestrar Alexandre de
Moraes, ministro do Supremo, operações que seriam levadas a cabo na segunda
quinzena de dezembro de 2022.
Talvez mais substancial, as investigações da
PF colocam o grupo de oficiais do Exército em uma reunião na casa do general
Braga Netto, ministro da Casa Civil, ministro da Defesa e candidato a vice de
Bolsonaro em 2022.
Segundo a PF, o general de brigada (reserva)
Mário Fernandes, sub da Secretaria Geral da Presidência de Bolsonaro, comandava a
organização dos ataques assassinos, mas não apenas. Articulava-se
com os acampados no Quartel General do Exército, tentava dar apoio logístico a
essa tropa do golpe, "pessoal do agro" e "caminhoneiros", e
tinha contatos com acusados de ataques terroristas no dia da diplomação de
Lula, em 12 de dezembro (quando houve incêndio de veículos e tentativa de
invasão da PF).
Tudo era coordenado por Mauro Cid, ora
tenente-coronel, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid também estava no
centro de malfeitos como a falsificação dos certificados de vacina de Bolsonaro
e a muamba das joias das arábias.
No início de dezembro, Bolsonaro e entorno
discutiam uma "minuta de golpe" e como fazer com que o comando das
Forças Armadas aderisse à intervenção militar contra o resultado da eleição e
contra o Supremo. Toda essa conversa agora se amarra e se comprova, mais e
mais.
O Congresso será cúmplice do golpismo?
Será que o papagaio bolsonarista que avoava por este blog com suas papagaiadas sobre Trump e Bolsonaro está aguardando a PF bater de manhã cedo na sua casa (ou no seu ninho)?
ResponderExcluirA pessoa correr risco de ser preso por causa de político,não vou entender nunca,pior ainda quando tal político...
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