Folha de S. Paulo
Eleição coroa mutação da direita e põe
democracia diante de ecos ameaçadores
No discurso de vitória, Donald Trump reivindicou
"um mandato poderoso e sem
precedentes". Durante a campanha, o republicano pediu para
voltar à Casa Branca com autoridade expandida. Explorou com destreza o rancor
de setores abalados por transformações econômicas e sociais, prometendo
ultrapassar os limites que fossem necessários para atendê-los.
Os americanos toparam fechar mais um negócio
com o magnata. Os EUA deram a
Trump uma eleição confortável até nos estados-pêndulo que
haviam sido responsáveis por sua demissão em 2020. Ofereceram ao republicano
uma maioria no Congresso para cumprir suas promessas mais perigosas.
Trump voltou a capturar uma classe trabalhadora frustrada, desinteressada em esperar por uma mudança que os democratas não foram capazes de entregar, a despeito de bons números da economia. O republicano reuniu um grupo mais diverso do que em sua primeira eleição, melhorando o desempenho entre eleitores latinos e homens negros.
Esses americanos puseram de lado os riscos e
os efeitos do caos oferecidos por Trump. Eleitores que se sentem deixados para
trás julgaram que a ideia de vingança era mais sedutora do que os apelos à
identidade ou a direitos como o acesso ao aborto e a preservação
de uma democracia que, na visão deles, não os atende.
Trump fará de tudo para tirar proveito desses
sentimentos. Dará vazão ao próprio narcisismo para retaliar
aqueles que o transformaram num criminoso condenado. Abusará de
pendores autoritários para derrubar obstáculos que a democracia impõe. Terá o
prazer de manipular a raiva do eleitorado para atropelar consensos
civilizatórios sobre o clima, as guerras, o comércio, o trabalho e a imigração.
A vitória coroa uma mutação que transferiu o
controle da direita americana para as mãos da extrema direita trumpista. Num
ciclo de oito anos, Trump liderou uma revolução que deu aos republicanos a
preferência do eleitorado de baixa renda, sem que fosse preciso sair da cama
dos bilionários
fiéis que bancam seu plano de poder.
A sobrevivência desse modelo terá ecos
desastrosos em todo o mundo, inclusive no Brasil. Estabelecerá uma nova âncora
para o negacionismo ambiental, a brutalidade social, as divisões políticas e as
doutrinas anticientíficas, para ficar em alguns exemplos. Para completar, Trump
volta ao poder depois de tentar um golpe de Estado para desafiar de maneira
escancarada a própria ideia de democracia.
Perdeu mané !! não amola!!
ResponderExcluirVitória retumbante do Trump Presidência maioria no Senado maioria Casa dos deputados maioria dos Supremo Tribunal Federal Tudo certo para trabalhar em prol do povo americano
ResponderExcluirE ainda por cima Fez 5 milhões de votos a mais do que a destrambelhada da Harris
Barba cabelo e bigode
Excelente coluna!
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