Folha de S. Paulo
Apesar de insucessos eleitorais, esquerda
parece ter triunfado ao emplacar teses que se tornaram o pensamento
convencional
Há uma espécie de consenso de que a esquerda está
em crise. Ela ainda obtém vitórias eleitorais em alguns países, como
o Uruguai e
o México,
mas experimentou recentes reveses em vários outros, como Estados
Unidos e Argentina.
A esquerda estaria com dificuldades para adaptar seu discurso para os tempos
atuais.
Não discordo da necessidade de atualização da
pauta, mas receio que o quadro seja mais complexo. Dependendo da medida
escolhida, dá para dizer que a esquerda triunfou.
Quem me chamou atenção para isso foi José Eli da Veiga, que me mandou uma interessante discussão entre o cientista político francês Vincent Tiberj e o ex-ministro da Educação Jean-Michel Blanquer travada nas páginas do Le Monde.
Resumindo bastante o longo texto, embora os
eleitores estejam votando cada vez mais em partidos de direita e mesmo de
extrema direita, pesquisas de opinião mostram que os cidadãos abraçaram várias
teses da esquerda, como a da igualdade entre homens e mulheres, do direito a
casamento para homossexuais, a rejeição à pena de morte e até mesmo a abertura
à imigração.
Em 1992, 44% dos franceses concordavam com a
ideia de que imigração é "uma fonte de enriquecimento cultural". Em
2022, apesar dos avanços da direita xenófoba, esse número subira para 73,5%.
Esse tipo de paradoxo não está restrito
à França.
Não faz tanto tempo atrás, casamentos interraciais eram vistos como imorais por
grande parte da população e quem dissesse que lugar de mulher é a cozinha não
seria tomado por reacionário ou louco.
Penso que o relativo sucesso ideológico da
esquerda é parte da explicação para seus insucessos eleitorais. Depois que suas
ideias se tornaram o pensamento convencional, os partidos ficaram sem novas
propostas com apelo geral para apresentar. E parecer parado no tempo não é bom
para partidos, em particular para partidos de esquerda que se pretendem as
engrenagens da mudança.
A direita soube ocupar esse vácuo. É a
extrema direita que vem hoje com o discurso da ruptura, que ecoa entre jovens e
grupos demográficos que se sentem abandonados.
Saudade dos coxinhas e mortadelas,viva FHC e Lula!
ResponderExcluirPapo .ideológico é a coisa mais inconsistente que existe. Não passa de um mamulengo na mão de operadores econômicos.
ResponderExcluirAonde foi parar o jornalismo de opinião da Band? Agora, sob a gestão de grupos chineses, não dá um piu sobre direis humanos.
Olha o caso da Globo e outros
veículos da grande imprensa a partir de 64. Diante da prevalência do regime militar, passeou décadas batendo continência para generais .
Essa mesma imprensa apoiava a lava-jato e espancava o PT. Com a ascensão de Bolsonaro e extinção de contratos milionánarios , agora, bajulam Lula e o PT. Hehe
Pra piorar, os mamulengos são pobres e semi-apedeutas: olhem os milhares de miseráveis em filas indianas implorando ingresso nos EUA? Seus países na América central são na maioria de esquerda.
ExcluirSe a esquerda é tão inteligente por quê não impede essa humilhação.
O capitalismo é de Direita!
Só a universidade de Harvard tem 5 vezes maís prêmios Nobel que toda America Latina
A Esquerda abandonou suas causas maiores, q dizem respeito aos fundamentos do capitalismo. E se deixou dominar pelas causas particulares, específicas, passíveis de serem aceitas pela Direita. E a Direita, esperta "q só vendo", está a abocanhar todas elas ... Agora, a Esquerda está com uma mão na frente e outra atrás ...
ResponderExcluirAssim sendo, perdeu, sim! E só sairá ganhando se aprender a lição e fizer uma autocrítica. E isso é coisa quase impossível de acontecer...
ResponderExcluirConcordo em termos com o colunista.
ResponderExcluirQuanto às pautas relacionadas à busca pela igualdade e justiça, inegavelmente, a esquerda se faz presente. Já outras como a valorização do conhecimento, da importância da educação para a construção de um futuro melhor, pela defesa dos direitos das pessoas, e, uma das maiores marcas de nossa época, a consciência de que somos sujeitos a sermos respeitados em nossas individualidades, creio que tais valores começaram a ser construídos antes do século 19, por conta de movimentos como o Renascimento Cultural e Científico, Reformas, além da forte presença do Iluminismo e das ideias liberais. Quando, ao realizarmos nossas compras, utilizamos o critério da comparação custo X benefício, o pode ser uma evidência de que incorporamos práticas da economia de mercado. Isso sem falar na valorização das mercadorias e da riqueza individual. Todos esses quesitos, a depender do gosto do freguês, podem ser colocados no quintal da direita.
No quintal da Direita também caberia escravidão, trabalho de crianças e adolescentes, medicina elitizada...
ResponderExcluirNo quintal da direita, também caberia a defesa escravidão moderna, assim como a escravidão desde tempos remotos.
ResponderExcluirTambém a ela caberia o combate à escravidão moderna, em defesa dos direitos naturais e individuais, tal qual na Inglaterra dos séculos 18 e 19. ( E adjacências. )
Os combatentes da escravidão no Brasil, por exemplo, salvo engano, não eram marxistas revolucionários.
ResponderExcluirEram liberais em busca de uma sociedade mais justa.
A busca pela justiça social não é um monopólio da dita esquerda. E quando ela tentou traduzir isso em princípios de fato, falhou. Os chineses aprenderam.