O Globo
A Marinha divulgou um vídeo em busca de apoio
contra o ajuste fiscal. A repercussão foi desastrosa. A reação às criticas,
pior ainda
A Marinha apostou nas redes sociais para
tentar ganhar apoio contra o ajuste fiscal. Produziu um vídeo desastroso, que
ofendeu os contribuintes e degradou a imagem da Força.
A peça foi divulgada a pretexto de homenagear
o Dia do Marinheiro. Em ritmo de filme de ação, militares simulam escapar de um
naufrágio, saltam de paraquedas e rastejam na areia, como se estivessem
desembarcando na Normandia.
O vídeo alterna imagens de esforço e sacrifício com cenas de civis em momento de lazer. Enquanto marinheiros quebram a cabeça numa prova, paisanos dão risada e erguem um brinde. Enquanto um militar dispara um tiro em alto-mar, um civil joga videogame no sofá.
É compreensível que a Marinha queira pintar
sua rotina com tintas heroicas. O problema é sugerir que os outros brasileiros
vivam na farra. No fim do filmete, uma marinheira provoca: “Privilégios? Vem
para a Marinha”. Se a ideia era acertar o pacote de corte de gastos, o tiro
saiu pela culatra.
As reações nas redes se dividiram entre a
indignação e o deboche. Houve quem lembrasse a Batalha das Toninhas, em 1918,
quando um cruzador brasileiro confundiu uma família de botos com um submarino
alemão. A tripulação pensou que atingiria o Reich, mas só produziu um desastre
ecológico.
Não era preciso ir tão longe em busca de
episódios vexatórios. Em 2021, a Marinha promoveu um desfile de blindados no
dia em que o Congresso votava a emenda do voto impresso, uma obsessão de Jair
Bolsonaro para minar a confiança no sistema eleitoral. O objetivo era intimidar
os parlamentares, mas o cortejo virou alvo de galhofa pela quantidade de fumaça
que os veículos despejaram no céu de Brasília. Nunca se queimou tanto óleo por
uma razão tão infame.
O desfile foi dirigido pelo almirante Almir
Garnier, um bolsonarista fervoroso. Segundo investigações da Polícia Federal,
ele foi o único dos três comandantes militares a oferecer tropas para a
tentativa de golpe. Mais tarde, protagonizou outro papelão ao se recusar a
participar da cerimônia de troca de comando da Força.
Diante da má repercussão do vídeo, a Marinha
afirmou que não teve a intenção de criticar o ajuste fiscal. Seria melhor
assumir a mancada e pedir desculpas a quem rala para sustentar praças e
oficiais.
O pacote anunciado pelo governo penaliza os
pobres ao achatar o reajuste do salário mínimo e dificultar o acesso a
programas sociais. Para os militares, está prevista uma contribuição mais
modesta. A principal mudança é a idade mínima de 55 anos para se aposentar — o
que ainda permitirá que um oficial trabalhe dez anos a menos que um civil.
O ajuste não mexe em outras regalias, como o
pagamento de supersalários a adidos navais no exterior. Só em agosto, segundo
levantamento do jornal O Estado de S. Paulo, 41 oficiais receberam mais de R$
100 mil, somando salários líquidos e verbas indenizatórias.
Se quiser melhorar sua imagem, a Marinha pode
encontrar formas mais úteis de usar o dinheiro público. Nos últimos dias, quem
entrou no site do 1º Distrito Naval encontrou um aviso de que o telefone 185,
para emergências marítimas e fluviais, estava fora do ar.
Há muito tempo nas águas da Guanabara,o dragão do mar reapareceu... João Bosco e Aldir Blanc.
ResponderExcluirTodo milico sempre se acha um membro da corte e o civil a patuleia,
ResponderExcluiressa gentinha que consome brioches.
O ex-ministro apoiava o golpe de Bolsonaro... O que esperar dum setor comandado por tanto tempo por um GOLPISTA?
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