Carolina Nalin e Henrique Barbi / O Globo
Desemprego cai para 6,1%, menor patamar da
história, e reforça pressão sobre inflação e juros
O desemprego nunca esteve tão baixo no país,
apontam novos dados do IBGE divulgados nesta sexta-feira. O percentual de
desocupados renovou a mínima histórica e chegou a 6,1% no trimestre encerrado
em novembro, em linha com o esperado pelos agentes econômicos. É o menor
patamar já registrado pela pesquisa do instituto, iniciada em 2012.
A ocupação também registrou novo recorde e
chegou a 103,9 milhões de trabalhadores, com o nível da ocupação no ponto mais
alto da série: 58,8%. Há 39,1 milhões de pessoas trabalhando com carteira
assinada no país, também o maior patamar registrado pela pesquisa.
Para Adriana Beringuy, coordenadora de
Pesquisas Domiciliares do IBGE, o bom desempenho do mercado de trabalho é
explicado por um somatório. Entre os fatores está o crescimento da economia,
impulsionado pela expansão das atividades econômicas e pelo aumento da renda
das famílias.
Ela explica que esse cenário estimula o consumo, que, por sua vez, reforça o crescimento do emprego e o ganho de renda em diferentes setores, seja em postos mais básicos ou em serviços mais qualificados. Por outro lado, será preciso avaliar a sustentabilidade dessa conjuntura ao longo de 2025:
— De fato, é uma taxa bem baixa dado o
histórico que a gente tem da pesquisa. Mas vamos ter que acompanhar ao longo do
ano que vem o conjunto de informações dos indicadores econômicos, como o PIB e
a trajetória da renda.
Indústria e construção lideram expansão do
emprego
Há mais pessoas empregadas no mercado de
trabalho do que no trimestre móvel anterior, mostram os dados da pesquisa. A
indústria absorveu 309 mil novos trabalhadores, um crescimento de 2,4%. A
construção adicionou 269 mil vagas, alta de 3,6%.
O setor de administração pública, defesa,
seguridade social, educação, saúde e serviços sociais empregou mais 215 mil
pessoas, um aumento de 1,2%. Já os serviços domésticos cresceram 3,0%, com 174
mil novos postos. Juntos, esses setores foram responsáveis por 967 mil novos
empregos no trimestre.
— Tanto os trabalhadores de ocupações
elementares quanto os de serviços profissionais mais avançados estão sendo
demandados, expandindo o nível da ocupação geral da população ativa — explica
Adriana.
Adrielle Mozeli, de 32 anos, vivia há três de
alguns bicos como design de sobrancelhas e manicure, além da renda do marido,
motorista de caminhão. No entanto, sua realidade mudou nos últimos meses. Em
novembro, ela conseguiu um emprego de carteira assinada como atendente de uma
padaria no bairro onde mora, em Jardim Gramacho, na cidade de Duque de Caxias,
Região Metropolitana do Rio.
— Passei a ajudar em casa e a presentear a
mim e ao meu marido. Não é que dê para gastar muito mais, só deixei de pedir
ajuda aos outros. Consegui ter um cartão de crédito. Quero investir em cursos
de estética, para um dia trabalhar por conta própria, e penso até em comprar
uma casa nova — conta Adrielle, que hoje mora em cima da casa da sogra.
Recorde no setor privado
Segundo o IBGE, há 53,5 milhões de pessoas
atuando no setor privado, número também recorde da série. Já no setor público,
são 12,8 milhões de trabalhadores. O emprego sem carteira, por sua vez, ficou
estável no trimestre em 14,4 milhões.
Já o contingente de trabalhadores por conta
própria avançou 1,7% no trimestre totalizando 25,9 milhões, embora tenha ficado
estável no ano. Com o resultado, a taxa de informalidade ficou em 38,7%, o
equivalente a 40,3 milhões de trabalhadores informais. Um percentual
ligeiramente menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando
ficou em 39,2%.
Massa salarial cresce 7,2% no ano
O rendimento real (já descontado a inflação)
ficou estável em R$ 3.285 no trimestre, com alta de 3,4% no ano. Nessa
comparação trimestral, apenas o emprego no setor de transporte e armazenagem
teve alta no rendimento médio: avanço de 4,7%, ou incremento de R$ 141.
No ano, porém, o rendimento real do
trabalhador cresceu em três atividades: comércio (alta de 3,9%); transporte e
armazenagem (7,8%) e serviços domésticos (3,6%). Os demais grupamentos tiveram
estabilidade.
A massa de rendimento real habitual, que é a
soma de todos os rendimentos da população ocupada, atingiu novo recorde em
novembro: R$ 332,7 bilhões. O número indica uma alta de 2,1% no trimestre e de
7,2% no ano.
Pnad x Caged
Novos números do Cadastro Geral de Empregados
e Desempregados (Caged) serão divulgados também nesta sexta-feira. Até agora,
os dados de outubro apontaram uma abertura de 132.714 vagas mil postos de
trabalho no mês.
Tanto a pesquisa do Caged quanto a do IBGE
mensuram o emprego, mas suas metodologias são diferentes. A do Caged só traz
informações sobre trabalho com carteira assinada, com base no que as empresas
informam ao ministério. Os dados são mensais.
Já a Pnad traz informações sobre trabalhadores formais e informais. A pesquisa é divulgada mensalmente, mas traz informações trimestrais. A coleta de dados é feita em regiões metropolitanas do país.
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