Folha de S. Paulo
Bolsonaro convocou um 171 clássico para agir
em parceria com os militares aloprados
A tese segundo a qual o Brasil é o país do
golpe (e não o do jeitinho, que era uma noção romântica de nós mesmos) cada dia
ganha mais evidência. O golpismo representa uma força de trabalho
impressionante, brava gente brasileira escolada na arte de falar javanês e na
ciência de transformar ossos em ouro.
Ninguém escapa de ser enganado. Tido como gênio do mercado financeiro e ostentando nas redes para atrair incautos, o ex-soldado da PM Djair de Araújo embolsou R$ 30 milhões de seus colegas de farda. Até os temidos "caveiras" do Bope dançaram. Com a promessa de pagar dividendos que alcançariam 5% do valor investido, policiais venderam imóveis e contraíram empréstimos para despejar entre R$ 300 mil e R$ 500 mil nas contas de uma empresa fajuta. Era um esquema de pirâmide, que ruiu.
Na galeria dos trapaceiros, o "faraó dos
bitcoins" ainda ocupa o lugar de maior destaque. Em parceria com
mercadores da fé, movimentou R$ 38 bilhões, ludibriando 90 mil pessoas. Mas não
param de surgir novas majestades. O casal Yuri de Abreu e Fabiula Freire,
conhecidos como "rei e rainha da creatina", é investigado por fraude
fiscal, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro. A fábrica terceirizada
deles não tinha licença para fazer suplementos alimentares. Um cliente disse
ter encontrado larva em um pote de creatina; outro, fios de teia de aranha.
Mão de obra tão especializada não poderia
ficar de fora do big golpe. Apoiado por parte da elite militar inconformada com
a democracia e sedenta por pensões vitalícias e outras mamatas, Bolsonaro
também teve a ajuda do 171 clássico, que age por vocação e método.
O engenheiro Carlos Rocha recebeu
R$ 1 milhão do PL para
elaborar um relatório que, sem provas, apontou indícios de fraude na eleição de
2022. Rocha fez o documento tendo consciência de que não havia irregularidades
nas urnas
eletrônicas.
O governo Bolsonaro pagou duas viagens de
urgência para o engenheiro. O dinheiro –R$ 7.700– foi usado para que ele fosse
a Brasília encontrar-se
com o ex-ministro Marcos Pontes, aquele dos travesseiros da Nasa. A
TrambiqueBras é o farol do empreendedorismo nacional.
Tomara que este texto seja apenas o início de uma série!
ResponderExcluirO excelente jornalista certamente tem muito mais a registrar nessa novela "Trambiques do Bozo"
Pensei que fosse golpe militar,o Brasil é fera nessa seara também.
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