Folha de S. Paulo
Republicano explora valores divisivos não
apenas para chegar ao poder, mas para mantê-lo
Donald Trump montou
um gabinete de guerra para o próximo mandato. Alguns dos políticos, doadores de
campanha e aliados fiéis escolhidos para sua equipe terão como prioridades os
conflitos culturais tradicionalmente explorados pela direita populista para
agitar suas bases.
Trump 2 terá uma abordagem mais prática do que em seus quatro anos anteriores. A formação do futuro governo sugere que o presidente eleito encara as guerras culturais —baseadas no desafio de consensos e na exploração de valores divisivos— tanto como ferramenta para chegar ao poder como para mantê-lo.
A lógica está embutida não apenas no debate
de ideias, mas na elaboração concreta de políticas públicas. Trump escolheu
para a agência de proteção ambiental um opositor ferrenho das regulações do
governo Joe Biden,
com ordens explícitas para tratar a questão como uma batalha política. Já o
indicado para o Departamento de Energia é um executivo do petróleo que
questiona as mudanças climáticas.
Outros escolhidos são símbolos de profundas
divisões sociais e partidárias nos EUA. A saúde deve ficar com o lunático
Robert F. Kennedy,
um orgulhoso militante antivacina. O provável chefe do Pentágono terá a tarefa
de realizar um expurgo de generais a partir de critérios ideológicos.
Trump quer a guerra cultural como ponto-chave
da agenda de governo. A função de Elon Musk não
será simplesmente enxugar a máquina pública em busca de eficiência: ele diz que
vai mirar o financiamento de órgãos internacionais e da comunicação pública,
alvos típicos das batalhas ideológicas da direita populista. Já o escolhido
para a agência de telecomunicações fala em punir canais de TV por seu viés
político.
Muitas dessas ideias já estavam ali no
primeiro mandato de Trump, mas foram bloqueadas por veteranos da máquina do
governo ou encaradas como itens acessórios. Agora, o republicano tem um plano
para eliminar os obstáculos e entregar a seus eleitores a briga prometida na
campanha, ao custo de muita destruição em certas áreas.
Faço uma pausa e volto à coluna em 10 de
dezembro. Até a volta!
Até!
ResponderExcluirExcelente análise, grande coluna!
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